No ano de 2014, quando o Estado Islâmico tomou as cidades iraquianas de Mossul e Qaraqosh, 120 mil cristãos fugiram. Neste grupo havia quase seis mil crianças que perderam seus lares, escolas, amigos e se viram obrigados a trocar seu estilo de vida. Mas, não perderam tudo e o que fica é cada vez mais forte: a fé.

Para que esta se mantenha viva, uma missionária francesa de nome Carin desenvolveu um plano de catequese no qual, além de ensinar as crianças a rezar, também lhes dá a oportunidade de “encontrar-se pessoalmente com Jesus, dar e receber seu amor”.

Conforme explicou ao Grupo ACI, Carin realiza sua catequese uma vez por semana na escola dirigida pelas irmãs dominicanas de Santa Catarina de Sena na cidade de Erbil, no Curdistão iraquiano, onde colabora como voluntária.

O colégio é frequentado por cerca de 600 crianças e se mantém graças às doações de organizações como a Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN) e Catholic Near East Welfare Association (CNEWA).

A maioria dos alunos, incluindo as religiosas, vivem nos chamados “contêineres” no campo de refugiados localizado no bairro da Ankawa.

Antes de iniciar a catequese, Carin reúne as crianças fora da capela para “preparar seu coração”. Ao entrar, fazem uma oração para pedir a Jesus e ao Espírito Santo que estejam presentes.

Depois, fazem uma adoração de 15 minutos ao Santíssimo Sacramento para que “possam experimentar o silêncio e nele encontrar-se com o Jesus”.

Em seguida, leem uma passagem do Evangelho. Carin explicou que, desse modo, Jesus “os fala diretamente” e que, quando terminam, conversam “sobre como podemos viver o Evangelho na vida cotidiana, porque para ser cristão não basta só estar a capela mas também continuarmos no campo”.

Ao terminar, pedem “pelo mundo que queremos ter” e fazem uma oração a Maria. Também lhes deixa uma tarefa, que consiste em “pôr em prática o que foi aprendido” em casa.

Carin é missionária há oito anos. Em setembro do ano passado, visitou durante duas semanas a escola em Erbil e, ao terminar sua estadia, propôs às irmãs dominicanas seu plano de catequese.

As religiosas o aprovaram e a convidaram para que retornasse e ficasse em Erbil durante seis meses. Ela está aí desde janeiro e se mudará em junho, quando terminar o ano escolar.

Atualmente, vive no campo de refugiados em um dos contêineres que as irmãs dominicanas lhe proporcionaram. Sobre as condições de vida, comentou que não tem nenhum inconveniente. “A providência se encarrega de mim”, afirma.

Carin decidiu ser missionária logo depois de converter-se aos 25 anos. “Eu vivi 25 anos sem Deus. Comecei minha vida sem Deus”, manifestou. Ela quis entregar seu coração ao seu Pai Celestial “e por isso sou missionária. Deixei minha vida para dá-la por Deus”.

A missionária francesa também colabora com as Irmãzinhas de Jesus que realizam seu apostolado em um dos campos de refugiados.

Cada dia, levam o Santíssimo Sacramento ao campo para que todos os que estão aí tenham a oportunidade de rezar. Carin explicou ao Grupo ACI que o propósito desta ação é “levar esperança, porque as pessoas estão muito cansadas… passou muito tempo e agora é disso que necessitam”.

Acrescentou que, “quando não podemos fazer nada a nível humano, é melhor entregar a Jesus e é aí quando Jesus trabalha. É assim”.

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