O Arcebispo de Los angeles (Estados Unidos), Dom José Gómez, respaldou a decisão da Corte Suprema de revisar o caso do Texas e dos Estados Unidos sobre as medidas migratórias do governo de Barack Obama, pois são “temporárias e não substituem a reforma migratória integral necessária em nosso país”.

Em uma declaração difundida no dia 19 de janeiro, o Prelado expressou: “Me alegra que a Corte Suprema dos Estados Unidos tenha decidido revisar o caso do Texas e dos Estados Unidos da América”.

“Não posso falar acerca das perguntas constitucionais neste tema. Falo como pastor. E como pastor, sei que a situação é injusta e intolerável para milhões de pessoas, pois são forçadas a viver nas sombras em nosso grande país”, afirmou Dom Gómez.

“Cada dia – denunciou –, em nossas paróquias, escolas e vizinhanças vemos o crescente dano causado às vistas humanas, especialmente às crianças e famílias, devido ao nosso fracasso em aprovar uma reforma migratória integral”.

A ação executiva migratória de Obama de dia 20 de novembro de 2014 foi suspensa em 16 de fevereiro de 2015, logo depois que um juiz do Texas recebeu a denúncia de 26 estados liderados pelo Texas, os quais assinalaram que o Presidente foi além de suas funções e que sua medida viola a Constituição.

Em novembro do ano passado, o Quinto Circuito da Corte de Apelações de Nova Orleans respaldou este bloqueio.

A medida de Obama permite que fiquem no país os jovens que ingressaram ilegalmente antes de completar os 16 anos, careçam de antecedentes penais e tenham menos de 30 anos até o dia 1º de janeiro de 2010; assim como os pais indocumentados de cidadãos e residentes permanentes que ingressaram nos Estados Unidos antes desta data.

Entretanto, estas restrições deixam desamparados mais de 6 milhões de indocumentados dos 11,3 milhões que provavelmente estão no país. Segundo o Transacional Records Access Clearinghouse (TRAC) da Universidade de Syracuse, nos últimos 18 meses foram emitidas 18,607 ordens de deportação contra mulheres migrantes com crianças. Entre elas, 86 por cento não tiveram representação legal.

O Arcebispo indicou que “a nível nacional, somente nos últimos oito anos, mais de 2 milhões de pessoas indocumentadas foram deportadas, entre elas milhares de pais e mães que foram obrigados a deixar os seus esposos e filhos”.

“Mais de milhões de pessoas vivem em constante temor de serem deportadas, ou de que um dia, sem aviso prévio, não possam voltar para suas casas para o jantar e possivelmente nunca mais possam ver suas famílias”, advertiu.

Em seguida, Dom José Gómez assinalou: “As ações executivas em discussão neste caso são temporárias e não substituem a reforma migratória integral necessária em nosso país. Mas são medidas de misericórdia, que proporcionariam um pouco de tranquilidade a aproximadamente 9 milhões de pessoas, entre eles, 4,5 milhões de crianças”.

O Arcebispo de Los Angeles recordou que “as pessoas não deixam de ser nossos irmãos e irmãs somente porque têm uma situação migratória irregular. Não importa como chegaram até aqui, não importa o quanto estamos frustrados com o governo; não podemos perder de vista sua humanidade nem a nossa”.

Nesse sentido, reiterou seu apoio a decisão do supremo tribunal. “Até que os legisladores em Washington não ajam com humildade e valentia a fim de deixar de lado suas diferenças e procurem uma solução comum, a Corte Suprema pode ser nossa última esperança para devolver a humanidade a nossas políticas de imigração”, concluiu Dom José Gomez.