O Secretário Geral da Conferência Episcopal Boliviana (CEB), Dom Jesús Juárez, denunciou o linchamento que causou a morte do prefeito de Ayo Ayo –a uns 80 quilômetros ao sul de La Paz–, Benjamín Altamirano Calle, e afirmou que a tragédia reflete que no país “não existe respeito à lei”.

O Prelado expressou que “estes são sinais que preocupam e levam a um sentido de impotência, porque não há respeito à lei e se atua de uma maneira completamente ilegal e imoral”.

Por sua vez, a Associação de Juízes de La Paz condenou o crime e expressou através de um comunicado que “há um tempo atrás havíamos reclamado que os juízes das províncias sejam transladados a La Paz e possam atender esses processos de suas cadeiras na capital, por falta de segurança”.

O seqüestro e assassinato do prefeito –que foi queimado vivo pela população–, foi cometido na madrugada da terça-feira como causa da denominada  “justiça comunitária” segundo expressava o cartaz encontrado junto ao cadáver.

Entretanto, os juízes do caso advertiram que “a justiça comunitária não deve ser entendida como um ajustiçamento comunitário e voltar aos tempos arcaicos onde cada um fazia justiça por suas próprias mãos”.

Como na maioria dos povos aymaras, a presença policial em Ayo Ayo é escassa e só cinco agentes estão destinados ao lugar. Além disso, nenhum dos camponeses nem os policiais disse ter “visto ou escutado alguma coisa” quando o prefeito fora executado.

Segundo o Comandante da Polícia, Geral Jairo Sanabria, a busca do prefeito –que tinha 55 anos e era acusado de corrupção e mal-versação de meio de milhão de dólares– começou de imediato e os policiais do povo asseguraram ter deixado o turno às 11h da noite quando  “houve um corte total de energia, inexplicavelmente”.

O Ministro de Governo deve agora responder a uma interpelação no Congresso por “negligência”, já que a  família de Altamirano havia denunciado o seqüestro assim que aconteceu.