O Papa Francisco participou na manhã de na Divina Liturgia de São João Crisóstomo na Igreja de São Jorge do Patriarcado Ecumênico de Constantinopla, junto ao patriarca Bartolomeu I, e assinalou que a ansiada unidade dos cristãos está sendo pedida pelos jovens, os pobres e as vítimas dos conflitos.

Hoje que a Igreja celebra a festa de Santo André Apóstolo, patrono da Turquia e de quem é sucessor o Patriarca Bartolomeu I. A cerimônia se estendeu por cerca de duas horas. A mesma celebrou-se em um clima de extraordinária solenidade e contou com orações cantadas em grego. O Santo padre participou atento à celebração em um lugar destacado.

Ao finalizar, o Papa Francisco e o Patriarca pronunciaram umas palavras. O Pontífice expressou que estar ali é “uma graça singular que o Senhor me concede” e recordou como em Buenos Aires em seus anos de Arcebispo participou em mais de uma ocasião na Divina Liturgia das comunidades ortodoxas da cidade. Falou uma vez mais sobre a comunhão entre as duas Igrejas e destacou que “encontrar-nos, olhar o rosto um do outro, intercambiar o abraço de paz, orar uns pelos outros, são dimensões essenciais desse caminho para o restabelecimento da plena comunhão à qual tendemos”.

“Para nós a verdade é a pessoa de Jesus Cristo” e “a vida cristã é uma experiência pessoal, um encontro transformador com Aquele que nos ama e que quer nos salvar. Também o anúncio cristão se propaga graças a pessoas que, apaixonadas por Cristo, não podem deixar de transmitir a alegria de ser amadas e salvas”, disse o Papa.

Para o Francisco, não é casualidade que dias depois da celebração do 50º aniversário de promulgação do Decreto do Concílio Vaticano II sobre a busca da unidade dos cristãos, a Unitatis redintegratio, vieram a ter este encontro na Turquia. “Com aquele decreto a Igreja reconhece em particular que as Igrejas ortodoxas ‘têm verdadeiros sacramentos, e sobre tudo, em virtude da sucessão apostólica, o sacerdócio e a eucaristia, com os quais se unem conosco com vínculo muito estreito”.

Na opinião de Francisco, “é de suma importância conservar e sustentar o riquíssimo patrimônio das Igrejas do Oriente” e o restabelecimento da plena comunhão “não significa submissão de um ao outro, nem absorção, mas sim de aceitação de todos os dons que Deus deu a cada um, para manifestar a todo mundo o grande mistério da salvação”. Assim, “a Igreja não pretende impor nenhuma exigência”. Segundo o Papa, as vozes dos pobres, das vítimas dos conflitos e dos jovens se elevam para pedir esta comunhão.

As palavras do Patriarca Bartolomeu I estiveram repletas de afeto para com o Papa Francisco e também falaram da ansiada unidade. “Os modernos perseguidores dos cristãos não perguntam à qual Igreja pertencem suas vítimas”, e acrescentou: “a unidade, pela qual nos comprometemos, realiza-se já em algumas regiões, lamentavelmente, através do martírio”.

O Patriarca Bartolomeu afirmou que seus antecessores instituíram, inspiraram, abençoaram e apoiaram “o diálogo da caridade e da verdade entre nossas igrejas para a superación dos obstáculos acumulados por um milênio completo nas relações entre elas, diálogo entre irmãos e não, como antigamente, de adversários”.

Além disso, sublinhou que é necessário pôr novamente como base da unidade a fé “que conservamos em comum no oriente e no ocidente por um milênio” de tal forma que “nossa obrigação não se limita ao passado, mas se estende sobre tudo (…) ao futuro”.

Por último, o representante da Igreja de Constantinopla assegurou que “muitos põem hoje suas esperanças na ciência, outros na política; outros na tecnologia. Mas nenhuma destas pode garantir o futuro se o homem não adotar a chamada da reconciliação, do amor e da justiça; a chamada da aceitação do outro, do que é diferente e também do inimigo”.