Apesar de aumentar o número de pessoas que afirmam não pertencer a nenhuma filiação religiosa nos Estados Unidos, peritos assinalam que isto não significa necessariamente que o país seja mais secular que antes, e indicaram que é um "erro" etiquetá-los como não crentes porque o número de ateus não aumenta.

"Os ‘nones’ não são uniformemente seculares, e etiquetá-los como não crentes seria um verdadeiro erro", indica o Diretor dos Estudos Americanos em Religião do Centro de Investigação Pew e do Projeto de Vida Pública, Greg Smith, que, ademais, explica que mais de 70 por cento destes ‘nones’ não se identificam como ateus ou agnósticos, e que quatro de cada 10 deles reza pelo menos uma vez ao mês.

Os "nones" é a maneira que as pesquisas deste tipo utilizam para referir-se às pessoas que dizem não ter filiação religiosa, especificamente na Pesquisa Geral Social e no estudo de 2012 feito pelo prestigioso Centro de Investigação Pew.

Além de Smith, os especialistas que se reuniram nas instalações do Pew em Washington DC no último dia 8 de agosto para discutir estes estudos, foram o editor chefe de Gallup, Frank Newport, a Professora de Sociologia da Universidade da Califórnia, Berkley, Claude Fischer, e o Professor de Sociologia da Universidade de Nova Iorque, Michael Hout.

Newport observou que entre as pessoas que não participam ativamente na sua religião, os católicos são os menos propensos a renunciar a sua filiação e identidade religiosa, porque para "os católicos é mais que uma característica atribuída que para os protestantes".

Explicou que os protestantes mudam de filiação com mais regularidade porque lhes é mais fácil. Isto foi defendido por Smith ao assinalar que as duas terças partes das pessoas que se criaram católicas continuam sendo católicas, um percentual maior que os que se expuseram ‘nones' e continuam ‘nones'.

Enquanto que o grupo que se distancia da identidade religiosa continua crescendo à medida que as gerações mais jovens alcançam a maior idade e os mais velhos vão falecendo, esta tendência não é "necessariamente um indicador da secularização", explicou Smith.

Também advertiu que esta "tendência à desfiliação poderia ter graves consequências para as instituições religiosas e pela forma em que a religião se pratica nos Estados Unidos", inclusive se os americanos em seu conjunto mantêm níveis estáveis da prática religiosa e de crenças.

A professora Fischer disse que apesar destas mudanças "os norte-americanos foram durante muito tempo, e ainda continuam sendo, as pessoas mais religiosas entre os povos dos países ocidentais, tanto na fé quanto na prática".

Fischer assegurou que os dois estudos de 2002 e 2012 devem ser vistos no contexto da história do país e que, apesar da tendência à diminuição na participação religiosa logo depois de sua maior relevância na década de 1950, "a participação religiosa é ainda maior do que era faz um século" e é uma parte da vida norte-americana e da comunidade.

 

 

 

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