"Cuba será livre", afirmou o dissidente Guillermo Fariñas ao receber nesta quarta-feira em Estrasburgo (França) o Prêmio Sájarov que o Parlamento Europeu lhe concedeu em 2010, mas que não tinha podido receber porque nesse ano o regime cubano não permitiu que saísse da ilha.

"Faz três anos não pude estar aqui e no meu lugar havia uma cadeira vazia. Hoje digo que Cuba será livre, graças não a seus governantes, mas à vontade dos cidadãos", assinalou o dissidente e atual porta-voz da União Patriótica de Cuba (UNPACU), que em mais de 20 ocasiões participou de greves de fome para denunciar a violação dos direitos humanos na ilha.

Fariñas recebeu o prêmio de parte do vice-presidente do Parlamento Europeu, Giani Pitella. Ao receber o diploma com a mão esquerda, o dissidente levantou o punho direito e disse que "simboliza a força da esperança que a democracia chegará algum dia ao povo cubano".

Em suas palavras de agradecimento, o dissidente quis dedicar o prêmio a sua mãe, Alicia Fernández. "Quando iniciei as greves de fome minha mãe, com lágrimas nos olhos, pediu-me que fizesse um testamento. Eu lhe disse que ela não deveria ter me ensinado tanto sobre os patriotas cubanos. Se estou hoje aqui é por esta mulher", expressou o jornalista e psicólogo cubano.

Do mesmo modo, esclareceu que o fato de que tenha podido sair da ilha não indica "que a situação em Cuba tenha mudado de forma essencial". "Em Cuba mudaram coisas para que continue sem mudar nada", advertiu em relação às reformas promovidas nos últimos meses pelo regime de Raúl Castro.

A dissidência, afirmou, "representa o poder do povo que não se resigna a viver sem liberdades". Fariñas é o terceiro opositor em receber o Prêmio Sájarov. Em 2002 o Parlamento Europeu outorgou este galardão a Oswaldo Payá, fundador do Movimento Cristão Liberação; e em 2005 ao movimento de Las Damas de Blanco.