No dia 31 de janeiro, festa de São João Bosco, realizou-se no Vaticano a Assembleia Plenária anual do Pontifício Conselho da Cultura, que estará dedicada ao tema das “Culturas juvenis emergentes” prossegue até o dia 9 de fevereiro.

Na apresentação participaram o Cardeal Gianfranco Ravasi, Presidente de dicastério; D. Carlos Alberto do Pinho Moreira Azevedo, delegado; o Padre Enzo Fortunato, diretor do Escritório de Imprensa do Sacro Convento de Assis, e dois representantes da juventude: o italiano Alessio Antonielli e Farasoa Mihaja Bemahazaka.

Em uma entrevista concedida ao grupo ACI logo depois da apresentação, o Cardeal Ravasi assinalou que agora o desafio de seu dicastério “é conseguir pelo menos construir um mapa do horizonte em que nos emergimos, este horizonte juvenil é o futuro da humanidade, e então significa que teremos que procurar as coordenadas, quer dizer, os pontos cardeais da vida emotiva dos jovens, de sua experiência sensível e espiritual”.

“Outro ponto cardeal é a de sua linguagem, como comunicam. Seu testemunho também é importante, porque sempre parece negativo, mas que ao mesmo tempo os jovens têm muitos elementos de generosidade… o último ponto cardeal é o de sua espiritualidade, ver se realmente estão tão longínquos da religião como se crê, ou na realidade são completamente partícipes mas sob tantos escombros e pedras que ocultam a pergunta”, acrescentou.

A autoridade vaticana assinalou durante sua exposição que durante as reuniões esperam iniciar um ponto de encontro e de interação positiva entre os jovens e a religião católica.

“Seu caminhar pelas ruas com os ouvidos tampados pelos auriculares com os que escutam música assinala que estão ‘desconectados’ da insuportável complexidade social, política e religiosa que criamos os adultos. Em certo sentido baixam a viseira para autoexcluir-se porque nós os excluímos com nossa corrupção e incoerência, com a precariedade, o desemprego, a marginalização. Teríamos que fazer um exame de consciência: os pais, os professores, os sacerdotes, a classe dirigente”, indicou.

Do mesmo modo, assinalou que a ‘diversidade’ dos jovens não é negativa, mas contém sementes surpreendentes de fertilidade e autenticidade.

“Basta pensar no voluntariado que abrange a um amplo horizonte de jovens, em sua paixão pela música, pelo esporte, pela amizade, que é uma maneira de nos dizer que o homem não vive só de pão; pensemos em sua espiritualidade tão original, em sua sinceridade, na liberdade oculta sob um manto de aparente indiferença”.

“Por estas e muitas outras razões -concluía o Presidente do Pontifício Conselho da Cultura- interessam-me os jovens que são o presente e não só o futuro da humanidade”.

Por sua parte, Dom Azevedo ilustrou o programa da plenária especificando que o objetivo é “indagar com objetividade o novo, complexo e fragmentado fenômeno das culturas juvenis com a ajuda de peritos e escutando o parecer dos membros e consultores do Pontifício Conselho da Cultura”.

No primeiro dia terá lugar a abertura na Aula Magna da universidade LUMSA, com a novidade de um concerto de rock que precederá a primeira conferência.

O segundo dia, três jovens de três continentes refletirão sobre as razões para ter confiança na juventude.

Sucessivamente falarão sobre como gerar a fé entre os jovens, e superar o que denominam a “batalha cultural”, para criar condições que façam possível o encontro com a pessoa de Cristo através de um enfoque cultural, e não só pastoral e teológico.

Ao início dos trabalhos, o dicastério terá uma audiência com o Papa Bento XVI.

Das cinco bilhões de pessoas que vivem em países em desenvolvimento, mais da metade são menores de 25 anos -85 por cento dos jovens de todo o mundo-, e dias atrás a Organização Internacional do Trabalho informou que 73,8 milhões de jovens no mundo carecem de trabalho e que este número subirá em meio milhão até 2014.