A Sala de Imprensa da Santa Sé difundiu uma síntese da Mensagem Final do Sínodo dos Bispos aprovada na manhã desta sexta-feira 26 de outubro, na qual os pastores de todo o mundo animam os cristãos a procurarem a conversão para renovar o anúncio da Boa Nova, sem pessimismo nem medo e com a certeza de que este "segue sendo o mundo que Deus ama".

No texto, que servirá de base para a Exortação Pós-Sinodal do Papa Bento XVI, os bispos recordam o encontro de Jesus com a samaritana no poço como "a imagem do homem contemporâneo com uma ânfora vazia, que tem sede e nostalgia de Deus, e para o qual a Igreja deve dirigir-se para fazer presente o Senhor. E como a samaritana, que encontra Jesus e não pode fazer outra coisa senão converter-se em testemunha do anúncio da salvação e da esperança do Evangelho".

Os bispos destacam "a necessidade de reavivar a fé que corre o risco de obscurecer-se nos contextos culturais atuais, também diante do enfraquecimento da fé em muitos batizados. O encontro com o Senhor, que revela Deus como amor, só acontece na Igreja como forma de comunidade acolhedora e experiência de comunhão; daqui, então, os cristãos passam a ser suas testemunhas em outros lugares".

Do mesmo modo, os prelados sustentam com toda a Igreja que "para evangelizar é preciso estar, acima de tudo, evangelizados" e lançam uma chamada –começando pela própria Igreja– "à conversão, porque a debilidade dos discípulos de Jesus pesa sobre a credibilidade da missão". Conscientes do fato de que o Senhor é a guia da história e que, portanto, o mal não terá a última palavra, os bispos convidam os cristãos a "vencerem o medo com a fé e a olhar o mundo com serena coragem porque, embora este esteja cheio de contradições e deafios, segue sendo o mundo que Deus ama".

"Por conseguinte, nada de pessimismo: globalização, secularização e novos cenários da sociedade, migrações, inclusive com as dificuldades e sofrimentos que suportamos, devem ser oportunidade de evangelização. Porque não se trata de encontrar novas estratégias como se o Evangelho tivesse que ser difundido como um produto de mercado, mas sim de redescobrir os modos com os quais as pessoas se aproximam de Jesus".

A mensagem considera a família como lugar natural da evangelização e insiste que deve ser sustentada pela Igreja, pela política e pela sociedade. Dentro da família, ressalta-se o papel especial das mulheres e se recorda a situação dolorosa dos divorciados que voltaram a casar: embora se reconfirme a disciplina sobre o acesso aos sacramentos, insiste-se em que não estão abandonados pelo Senhor e que a Igreja é a casa que acolhe todos.

A mensagem cita também a vida consagrada, testemunho do sentido ultraterrenal da existência humana, e as paróquias como centros de evangelização; recorda a importância da formação permanente para os sacerdotes e os religiosos e convida os leigos (movimentos e novas realidades eclesiásticas) a evangelizarem permanecendo em comunhão com a Igreja.

"A nova evangelização acolhe favoravelmente a cooperação com as outras Igrejas e comunidades eclesiásticas, também elas movidas pelo mesmo espírito de anúncio do Evangelho. Deve-se dispor particular atenção aos jovens, em uma perspectiva de escuta e de diálogo para recuperar, e não mortificar, seu entusiasmo".

Os bispos também se referem ao diálogo com a cultura, que necessita uma nova aliança entre fé e razão; com a educação; com a ciência que quando não encerra o homem no materialismo se converte em uma aliada da humanização da vida; com a arte; com o mundo da economia e o trabalho; com os doentes e os que sofrem; com a política, à qual se pede um compromisso desinteressado e transparente do bem comum; com as outras religiões. Em particular, o Sínodo insiste em que o diálogo interreligioso contribui à paz, rechaça o fundamentalismo e denuncia a violência contra os fiéis.

A mensagem recorda as possibilidades que oferecem o Ano da Fé, a memória do Concílio Vaticano II e do Catecismo da Igreja Católica. Por último, indica duas expressões da vida de fé, especialmente significativas para a nova evangelização: a contemplação, onde o silêncio permite acolher melhor a Palavra de Deus, e o serviço aos pobres, para reconhecer Cristo em seus rostos".

Na última parte, o texto dirige o olhar às Igrejas das distintas regiões do mundo e a cada uma delas lhes dirige palavras de ânimo para o anúncio do Evangelho: às Igrejas do Oriente deseja que possam praticar a fé em condições de paz e de liberdade religiosa; à Igreja da África pede que se desenvolva a evangelização no encontro com as antigas e as novas culturas, fazendo depois uma chamada aos governos para que cessem os conflitos e a violência.

Os cristãos da América do Norte, que vivem em uma cultura com muitas expressões longínquas do Evangelho, devem aspirar à conversão, a estarem abertos para acolher os emigrantes e refugiados. A Igreja na América Latina é convidada a viver a missão permanente para enfrentar os desafios do presente como a pobreza, a violência, também nas novas condições de pluralismo religioso. A Igreja na Ásia, mesmo sendo uma pequena minoria freqüentemente relegada à margem da sociedade e perseguida, é animada e exortada a manter-se firme na fé.

Já a Europa, marcada por uma secularização também agressiva e ferida por regimes passados, criou no entanto uma cultura humanística capaz de dar rosto à dignidade da pessoa e à construção do bem comum; as dificuldades do presente não devem portanto abater os cristãos europeus, mas devem ser percebidas como um desafio. Por último, à Igreja na Oceania os bispos pedem que esta sinta de modo renovado o compromisso de anunciar o Evangelho.

A mensagem é encerrada encomendando os membros da Igreja no mundo inteira a Maria, Estrela da Nova Evangelização.