Carl Anderson, Cavaleiro Supremo dos Cavaleiros do Colombo e membro do Conselho do Banco do Vaticano, explicou algumas das razões pelas quais foi destituído o presidente dessa instituição, o economista italiano Ettore Gotti Tedeschi.

Como secretário de um comitê do Instituto para as Obras de Religião (IOR) Anderson teve a tarefa de escrever o memorando dirigido a Gotti Tedeschi no qual se listava 9 razões pelas quais o Conselho Diretor decidiu censurá-lo e destitu’-lo o de seu cargo, que ocupa de maneira interina o vice-presidente Ronaldo Hermann Schmitz.

Em declarações ao jornal italiano La Stampa, Anderson disse que "o que aconteceu foi uma grande decepção", mas ao mesmo tempo "há uma grande expectativa pela nova administração".

No memorando Anderson escreve que Gotti Tedeschi "tinha abandonado as premissas do Instituto sem avisar e sem esperar confirmação dos resultados do voto de não confiança".

Entre as razões da censura estão "ter falhado em cumprir os deveres básicos", "abandonar e não comparecer a reuniões", a "disseminação de informação imprecisa com respeito ao Instituto", "polarizar o Instituto e alienar o pessoal" e "uma conduta progressivamente errática".

Também se acusa o ex-presidente do IOR de "disseminar documentos que ao final estavam em posse do Presidente".

Carl Anderson precisou ademais que esta mudança não tem nenhuma relação com a recente prisão do mordomo do Papa, Paolo Gabriele, acusado de filtrar documentos reservados do Vaticano à imprensa. "O fato que esta destituição tenha acontecido ao mesmo tempo que a prisão do mordomo não é mais que uma coincidência", disse. Além disso, este tema esteve por um longo tempo na agenda do conselho do IOR, acrescentou.

Por sua parte, Gotti Tedeschi disse em 25 de maio que "estava entre a ansiedade de explicar a verdade e não ter que incomodar o Santo Padre".

A decisão do conselho foi dada duas semanas antes de que o Conselho da Europa decida se o Vaticano deve estar na "Lista Branca" de nações que se aderem aos mais altos padrões de transparência financeira.

"Quem acredite que estes eventos no IOR são um obstáculo nos esforços para chegar à transparência está terrivelmente equivocado, porque estamos atuando pela transparência e não pressionados pela Cúria de nenhuma forma", disse Anderson.