No marco da Missa e da Vigília pela vida realizada hoje em Aparecida, o Cardeal Raymundo Damasceno, Arcebispo de Aparecida e Presidente da CNBB ressaltou em distintos momentos que a vida é sempre dom de Deus e como tal deve ser defendida para todos os cidadãos. As declarações do Cardeal foram dadas entre ontem e hoje, dias em que o Supremo Tribunal Federal  vota a ADFF 54, um recurso que legalizaria o aborto dos bebês portadores de anencefalia.

Em entrevista à Rádio Aparecida, na quarta-feira, Dom Damasceno explicou a iniciativa da CNBB de pedir as vigílias pela vida em todas as dioceses brasileiras: “Nós estamos convidando as dioceses, comunidades religiosas para que no dia 10 e também na manhã do dia 11 quando o Supremo Tribunal deverá pronunciar-se sobre a legalidade do abortamento de fetos ou bebês acometidos por essa grave ineficiencia no cerebro, então estamos pedindo as comunidades que se unam em oração pedindo a Deus que ilumine para que não haja a legalização do aborto nesses casos anencefalia”, afirmou o Cardeal.

“Nós sabemos que a vida é um dom de Deus e por isso nós não podemos, em nenhuma circunstância, devemos ser árbitros desta vida. Isto é, nós não somos senhores desta vida e nao nos cabe, portanto, a nós homens eliminar o nosso semelhante dando-lhe a morte, seja porque razão for”, asseverou.

“A vida é um presente de Deus e, ao mesmo tempo também rezando por essas mães que muitas vezes padecem situações como essa, para que elas também sejam fortes, tenham apoio, solidariedade da comunidade, das pessoas que são mais próximas dessas mães para que elas possam encontrar aí também um motivo, uma razão para aceitar, digamos assim, a gestação de crianças como essas e criar todas as condições para que se elas vierem a nascer possam viver com dignidade e com todo carinho, todo cuidado, ainda que muitas vezes por um tempo muito breve”.

“A vida para nós, ela é sempre vida, sempre dom de Deus”, reiterou Dom Damasceno à Radio Aparecida.

Pela manhã na sua homilia na missa que reuniu centenas de fiéis, incluindo mulheres grávidas e mães com seus bebês, o Arcebispo disse aos presentes que “a vida humana é sempre um dom gratuito e o primeiro e o maior dos direitos humanos sobre o qual os outros direitos se fundamentam, e como tal deve ser acolhida e defendida sem pré-condições”.

O presidente da (CNBB) esclareceu também em coletiva de imprensa realizada em Aparecida que “o direito à vida é garantido, de forma clara, pela Constituição do Brasil, em seu artigo 5º. que diz: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, a liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade...””.

“Vale também recordar que nem tudo que é legal é ético e moral. Portanto, o fato de alguém não ser penalizado pela prática do aborto de um bebê anencéfalo, por uma eventual decisão do STF, não exime ninguém da responsabilidade e do dever de seguir a sua consciência moral, guiada pela reta razão e a lei divina”, afirmou Dom Damasceno.