O Tribunal Provincial de Havana condenou na terça-feira quatro opositores a penas de três a cinco anos da prisão por lançar panfletos com ordens contra o Governo de Raul Castro, informaram seus familiares ao concluir o julgamento.

Luis Enrique Labrador (33 anos), David Piloto (40) e Walfrido Rodríguez (42), foram condenados a cinco anos da prisão, enquanto que Yordani Martínez (23) cumprirá uma pena de três anos. Os opositores foram declarados culpados dos delitos de "desacato" e "desordem pública".

"Não tiveram em conta nada (no julgamento). Não cometeram nenhum ato delitivo, não colocaram bombas, nem agrediram ninguém. Simplesmente protestaram por seus ideais", afirmou Vidiet Martínez, irmão de um dos sancionados, em declarações à Reuters diante do tribunal onde várias pessoas gritavam frases a favor e contra o Governo.

Os quatro opositores foram detidos no mês de janeiro por ter distribuído panfletos com frases contra o regime castrista em uma concorrida zona de Havana e em frente ao Palácio da Revolução, conforme informa a Comissão Cubana de Direitos humanos e Reconciliação Nacional (CCDHRN), organização ilegal mas tolerada pelo Governo.

Cuba considera os dissidentes como "mercenários" ao serviço dos Estados Unidos, seu principal inimigo. Grupos de Direitos humanos na ilha advertiram que nos últimos anos o Governo cubano optou por substituir as longas condenas contra os opositores por breves detenções.

"Francamente cinco anos de cárcere é muito por algo que em qualquer país forma parte do cenário cotidiano", comentou a imprensa o porta-voz da CCDHRN, Elizardo Sánchez, quem não descarta que estes quatro opositores sejam considerados pela Anistia Internacional como prisioneiros de consciência.

Em uma das ruas em frente ao tribunal, um pequeno grupo dissidentes protestou contra as sanções aos quatro opositores com gritos de "Liberdade!" e "Viva os Direitos humanos!", ação que foi vaiada por simpatizantes do Governo.

"Olhe, são quatro delinqüentes comuns, contra-revolucionários, atacaram um policial e estes mercenários têm que respeitar", repetia Juan Miguel Garriga, um dos simpatizantes do Governo situado perto de uma cartaz com fotos de Fidel e Raul Castro.

O Governo cubano soltou a mais de uma centena de presos políticos desde a metade do ano passado, incluindo 52 opositores da chamada Primavera Negra de 2003 que foram condenados a entre 6 e 28 anos de cárcere. As liberações ocorreram depois de um histórico acordo à metade de 2010 entre a Igreja Católica e o Governo cubano, no qual a Espanha participou como mediador.