O Diretor do Escritório de Imprensa da Santa Sé, o Pe. Federico Lombardi, apresentou a obra "Companheiros de viagem. Entrevistas em voo com João Paulo II ", um livro editado pela Livraria Editrice Vaticano (LEV) que recolhe as conversações inéditas do Pontífice com os jornalistas durante as viagens em avião às diferentes partes do mundo.

O porta-voz do Vaticano recordou que a Rádio Vaticano conservava as gravações das entrevistas realizadas a João Paulo II em seus primeiros anos de Pontificado, que "constituem o 70% de todo o arquivo" da emissora, e declarou que estas gravações foram facilitadas à autora da obra, a jornalista Angela Ambrogetti.

À apresentação, celebrada na sede da Rádio Vaticano, compareceram também o organizador das viagens de João Paulo II, o cardeal Roberto Tucci, o diretor da Livraria Editrice Vaticano e editor da obra, Giuseppe Costa, e os vaticanistas Gian Franco Svidercoschi e Paloma Gómez Borrero.

Lombardi assegurou à Europa Press que as entrevistas no avião "desenvolveram-se com o Pontificado" de João Paulo II porque o Papa polonês "via nos meios possíveis aliados com seu ministério de anúncio" sobre tudo "nos países do Leste" onde "faltava a liberdade de expressão".

O porta-voz da Santa Sé declarou que João Paulo II, que será beatificado no próximo 1º de maio, "fez dos meios substancialmente seus aliados" para transmitir "sua mensagem de justiça, de paz e de tantos valores importantes para o mundo" e "o fez com uma espontaneidade e uma liberdade muito grandes".

Além disso, Lombardi sublinhou que "no mundo livre" João Paulo II "encontrou na imprensa, dentro de seus limites e superficialidades" também "a capacidade de acolher suas mensagens e a possibilidade de fazê-los chegar com grande amplitude além dos limites da Igreja".

Conforme explicou o porta-voz da Santa Sé, João Paulo II "entendeu perfeitamente os meios" e "utilizou-os durante seu Pontificado" para fazer chegar a mensagem, embora Lombardi recorde que "não tinha nenhum medo e não se deixava condicionar pela imprensa".

O atual porta-voz do Vaticano destacou "as características" comunicativas do Pontífice que "tinham sido cultivadas com sua formação juvenil de ator" e assegurou que Karol Wojtyla "tinha um dom, um carisma originário e uma paixão expressiva" que esteve favorecida "por sua experiência pastoral na qual tinha aplicado suas qualidades de comunicador ao serviço de seu ministério".

O porta-voz da Santa Sede reconheceu à Europa Press que nos encontros de Bento XVI com os jornalistas durante suas viagens "existiu um mal-entendido que teve seu peso" em algumas ocasiões, embora tenha assegurado que "isto é normal, porque a imprensa pode interpretar corretamente ou interpretar mal as mensagens" do Pontífice.

Não obstante, Lombardi recordou que "as viagens de Bento XVI já foram quase 20" por isso "não é necessário que os meios se limitem a acolher uma só coisa sobre um panorama imensamente mais amplo" e sublinhou que as entrevistas no avião tanto de Bento XVI como de João Paulo II "são uma grande ocasião para lançar as mensagens principais e para compreender o significado de uma viagem" e de "seus pontos essenciais".

Por sua parte, o antigo organizador das viagens de João Paulo II, o Cardeal Roberto Tucci, declarou que João Paulo II é "o Papa da espontaneidade e da liberdade expressiva" e sublinhou que as entrevistas no avião são "um testemunho raro e eficaz da personalidade e das idéias do Papa Wojtyla".

Na introdução do livro publicado esta quarta-feira, o Arcebispo de Cracovia e antigo secretário pessoal do Papa polonês, o Cardeal Stanislaw Dziwisz assegura que "a relação entre João Paulo II e a imprensa não foi fácil" embora reconheça que "foi uma relação sincera e frutuosa" porque "a eles se exigia ser profissionais e o Papa pedia também que contassem a verdade, o que viam nas grandes cidades ou nos povos mais perdidos".