O ancião sacerdote Peter Milward, professor emérito da Sophia University em Tóquio (Japão), relatou sua experiência durante a tragédia ocorrida na sexta-feira passada 11 de março e disse que o terremoto pode ser entendido como "uma advertência de Deus" para "despertar do torpor de nossa vida cotidiana onde damos tudo por descontado".

Em declarações ao portal EWTN Notícias neste último 15 de março, o presbítero jesuíta de 85 anos de idade, a quem o sismo surpreendeu enquanto dormia uma sesta, assinalou que "a resposta japonesa foi paciente e passiva, com muitas lágrimas e muitos gestos de dor porque muitos perderam os seus parentes e suas famílias".

"O futuro parece não mostrar nada. Movem-se no meio do atordoamento", acrescentou.

Logo do terremoto e o tsunami de 11 de março, o Pe. Milward recordou uns versos do poeta John Donne do século XVII: "o movimento da terra traz dano e temores / os homens se perguntam que aconteceu que significou".

O sacerdote também citou uma frase do salmo 76 em latim: "Terra tremuit et quievit, dum resurgeret in judicio Deus", que significa: "A terra tremeu e ficou suspensa quando te levantaste Oh Deus, para julgar".

As declarações do sacerdote se dão em meio da tragédia que cobrou a vida de milhares de pessoas e obrigou a várias centenas de milhares a ser evacuados ante a cada vez maior radioatividade da planta nuclear de Fukushima aonde 180 trabalhadores tentam controlar a situação para evitar uma catástrofe, que segundo os peritos poderia ser similar à de Chernobyl.

"Desde o ponto de vista cristão -prosseguiu o sacerdote- as pessoas pensam no terremoto em tempos de Elias no Monte Sinai, quando 'o Senhor não esteve no terremoto', mas no sussurro de uma suave brisa".

Pensa-se no "terremoto profetizado como aquele que acompanha o Dia do Senhor, no terremoto que ocorreu após morte de Jesus na cruz".

O Pe. Milward, que vive no Japão desde 1954, concluiu a entrevista a EWTN Notícias "sobre a pior experiência que tive em minha vida" em referência ao terremoto, citando Macbeth de William Shakespeare, que viu "horas terríveis e coisas estranhas, mas que esta noite de dor burlou antigos saberes", como uma forma de agradecer a Deus por ter sobrevivido a esta catástrofe.