Na véspera da festa de São José que a Igreja celebra no dia 19 de março, Irma Barriga, autora do livro "Patrocinio, monarquia y poder: el glorioso patriarca señor San Joseph en el Perú virreinal", assinalou à agência ACI Prensa que o Santo Custódio também pode ser considerado Padroeiro da Evangelização da América.

Em diálogo telefônico a autora explicou que "todo o continente descoberto pode ser posto sob sua advocação" a propósito do livro recentemente publicado pelo Instituto Riva-Aguero da Pontifícia Universidade Católica do Peru no qual ela analisa o papel de São José na idade Média, no barroco e no Peru na época colonial.

A historiadora explicou que aqueles que chegavam ao princípio da evangelização da América o faziam com a idéia de que "neste mundo pode-se partir de zero sem os defeitos do mundo anterior, do velho mundo e pode-se partir, com os princípios primitivos do cristianismo: austeridade, laboriosidade, simplicidade".

"A figura de São José que fala de obediência, humildade, é apropriada para as ordens que chegavam à América de evangelizar e que passam um processo de reforma no qual procuram todos estes princípios".

A perita disse também à ACI Prensa que na época colonial "existia um discurso absolutamente rico e sugestivo em torno de São José. Quando chegam os espanhóis e a evangelização, a imagem que se promove é a do santo artesão, do santo obediente, humilde e se promove a ereção de confrarias dedicadas a seu patrocínio e devoção".

Esta perspectiva, explica, vai evoluindo e faz que São José, Padroeiro da boa morte, converta-se também no Padroeiro de todas as atividades humanas: "isso em boa medida distinguia São José de todos os outros Santos, porque na época medieval o comum era que havia um santo para cada atividade".

São José, disse, também é apresentado como "um pai capaz de unificar uma Igreja dividida, como o pai por excelência, como um santo capaz de proteger de tudo e nesse sentido é mais moderno"

O livro mostra esta evolução, indicou a perita à ACI Prensa. Ao princípio a iconografia colonial mostra São José como "personagem secundário, um tanto relegado na Sagrada Família. Pouco a pouco seu lugar vai ser mais importante e vai tender a aparecer mais presente em temas onde antes não aparecia e também vai aparecer em temas que o têm como protagonista principal: o São José coroado, a glorificação de São José", entre outros.

Assim se aprecia que "o humilde carpinteiro se converte no nobre descendente da linhagem de David com o qual também se podem identificar as elites".

No prólogo do livro, escrito pelo Teófanes Egido, o catedrático de história moderna da Universidade de Valladolid (Espanha), assinala que "Irma Barriga não é nenhuma novata nestes temas históricos e artísticos sobre São José" mas uma perita que tem em seu haver "trabalhos muito sérios; quer dizer, este livro nos chega depois da preparação e investigação que pode ser advertida em suas páginas".