Os Legionários de Cristo deverão retirar dos centros legionários e do Regnum Christi todas as fotografias nas que apareça seu fundador, Marcial Maciel –sozinho ou com o Papa– por mandato do diretor geral da congregação e do Regnum Christi, Pe. Álvaro Corcuera, com a autorização do Delegado Pontifício da Legião de Cristo, Cardeal Velasio De Paolis.

O decreto que estabelece esta disposição, promulgada no dia 6 de dezembro e que é fruto de numerosas considerações entre os superiores maiores da congregação, estabelece também que nos escritos institucionais, o modo de referir-se ao padre Maciel será "fundador da Legião de Cristo e do Regnum Christi" ou simplesmente "Pe. Maciel", e já não "Nuestro Padre", ou Nosso Pai, em português, como era de costume entre os membros da Legião e do Regnum Christi.

Além disso, o texto marca que as datas relativas à pessoa do fundador –nascimento, batismo, onomástico e ordenação sacerdotal– não serão festejados e que unicamente no aniversário de sua morte, em 30 de janeiro, os membros dedicarão o dia especialmente à oração. Do mesmo modo, os escritos pessoais do fundador e suas conferências não estarão à venda nas editoriais ou nos centros e obras da Congregação.

Da mesma forma, "os escritos pessoais do fundador e suas conferências não estarão à venda nas editoras nem nos centros e obras da Congregação".

Quanto à cripta do cemitério de Cotija onde descansam os restos mortais da família Maciel Degollado, do Pe. Maciel e de outros legionários de Cristo e membros consagrados do movimento, as disposições estabelecem que se dará "o valor que tem toda sepultura cristã como lugar de oração pelo eterno descanso dos defuntos".

Por outra parte, indica que os centros de retiro em Cotija seguirão oferecendo os mesmos serviços que até o presente, mas que ali se estabelecerá um lugar para "a oração, reparação e expiação".

O texto apela aos superiores, diretores e diretoras que, conforme aponta, devem proceder "conforme os critérios deste decreto também para todas as questões que não se tratam explicitamente nele, tendo em conta o sentir de sua comunidade ou equipe".

Em qualquer caso, o decreto respeita a liberdade pessoal dos legionários de Cristo e membros consagrados do Regnum Christi, e, neste sentido, deixa "espaço" para que quem assim deseje possa conservar "de maneira privada" alguma fotografia do fundador, ler seus escritos ou escutar suas conferências e inclusive usá-los na predicação.

Ao transmitir o documento, o Pe. Corcuera manifestou sua firme esperança de que esta postura institucional ajude a todos os legionários e membros do movimento Regnum Christi a "centrar-se na pessoa de Cristo" e a "seguir muito unidos na caridade".

A congregação dos Legionários de Cristo foi submetida entre 2009 e 2010 a uma visita apostólica (inspeção da Santa Sé) como resultado dos escândalos sexuais relacionados com seu fundador, Pe. Marcial Maciel (1920-2008).

Como resultado dessa visita apostólica, a Santa Sé publicou um comunicado em maio deste ano no qual se estabelece, entre outras medidas, a renovação da congregação, uma visita apostólica ao Regnum Christi e a revisão das Constituições da Legião de Cristo.

Em julho deste ano o Papa Bento XVI nomeou o Cardeal italiano Velasio De Paolis Delegado Pontifício para a congregação, quem em 9 de dezembro anunciou a constituição da comissão encarregada desta tarefa que tomará vários anos.