Por ocasião do Consistório no qual o Papa Bento XVI criará este sábado 20 de novembro 24 cardeais, realiza-se no Vaticano um encontro de oração e reflexão com os membros do Colégio Cardinalício no qual se tratam quatro importantes temas: a liberdade religiosa no mundo, a liturgia na Igreja hoje, o ingresso de anglicanos à Igreja Católica e a resposta eclesiástica aos abusos sexuais.

Na Sala nova do Sínodo dos Bispos o Papa Bento XVI saudou os 150 cardeais presentes, entre os quais se encontravam os 24 que serão criados cardeais este sábado, aos que recordou a importância de anunciar o Evangelho, que na história encontra diversas oposições.

"A relação entre verdade e liberdade é essencial, mas hoje se enfrenta o grande desafio do relativismo, que parece completar o conceito de liberdade mas na realidade corre o risco de destruí-la propondo-se como uma verdadeira ‘ditadura’. Nos encontramos, portanto em um tempo de difícil compromisso para afirmar a liberdade e anunciar a grande verdade do Evangelho e dos grandes alcances da cultura cristã", disse.

Sobre a liturgia o Santo Padre ressaltou sua importância fundamental porque na vida da Igreja a liturgia é "o lugar da presença de Deus conosco".

Depois se enfrentaram dois temas de discussão: a situação da "Liberdade religiosa no mundo e novos desafios", com a relação introdução do Secretário de estado, Cardeal Tarcisio Bertone, e a "Liturgia na vida da Igreja hoje", com a exposição do Prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, Cardeal Antonio Cañizares Llovera.

O Cardeal Bertone propôs uma visão panorâmica das tentativas de limitar a liberdade dos cristãos em diversas partes do mundo, convidando em primeiro lugar a refletir sobre a situação religiosa nos países ocidentais onde se assiste a um processo de secularização, com tentativas de marginalização dos valores espirituais da vida social.

Em segundo lugar expôs a situação da liberdade religiosa nos países islâmicos, recordando as conclusões às que chegou a recente Assembléia Especial do Sínodo dos Bispos para o Oriente Médio celebrada entre os dias 10 e 24 de outubro. O Cardeal expôs a atividade da Santa Sé e dos episcopados locais em defesa dos católicos, tanto no Ocidente como no Oriente. Assim recordou o compromisso da Santa Sé em âmbito internacional para promover perante os Estados e as Organizações das Nações Unidas o respeito da liberdade religiosa dos fiéis.

Por sua parte o Cardeal Cañizares ressaltou a importância da oração litúrgica na vida da Igreja, remetendo-se à doutrina do Concílio Vaticano II e ao magistério do Papa Bento XVI. De maneira particular sublinhou a importância da fidelidade à vigente disciplina litúrgica.

No curso do amplo debate intervieram 18 cardeais. Também foram abordadas as graves dificuldades que a Igreja encontra na defesa dos valores fundados no próprio direito natural, como o respeito à vida e à família.

Pela tarde estão previstas duas comunicações. A primeira será do Cardeal William Joseph Levada, Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé (CDF), sobre as Normas da Santa Sé: para acolher na Igreja Católica os sacerdotes e fiéis anglicanos, e para defender os menores vítimas de abuso por parte de alguns membros do clero.

A segunda intervenção está ao cuidado do Arcebispo Angelo Amato, Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos e Secretário da CDF, que falará da atualidade da Instrução "Dominus Iesus", sobre Jesus Cristo, dez anos depois de sua publicação.