HAVANA, 28 de out de 2010 às 08:15
O presidente do Movimento Cristão Liberação, Oswaldo Payá, apresentou a uma fundação espanhola o Foro Todos Cubanos, um novo projeto de democratização para a sociedade cubana gerado desde o interior da ilha.
O Foro Todos Cubanos se constituiu em “um movimento cívico para gerar um processo de demanda de direitos por parte dos cidadãos”.
Em uma mensagem enviada à Fundação para a Análise e os Estudos Sociais (FAES), Payá lamentou a repressão contra os envolvidos no Foro pois “muitos foram detidos e ameaçados” e denunciou que as autoridades “não vão permitir uma coleta de assinaturas nem campanha semelhante a do Projeto Varela”.
O Projeto Varela é uma iniciativa lançada em 2001 pelo dissidente Movimento Cristão Liberação para impulsionar uma transição democrática em Cuba mediante a coleta maciça de assinaturas para convocar um referendum.
O governo cubano rechaçou as dezenas de milhares de assinaturas compiladas pelo projeto, que leva o nome do Félix Varela, um sacerdote cubano do século XIX qualificado pelo Papa João Paulo II durante sua visita à ilha em 1998 como "pedra institucional da nacionalidade cubana" e "a melhor síntese entre fé cristã e a cultura cubana".
Depois de explicar que o Projeto Varela agora está integrado no Foro Todos Cubanos que impulsiona o chamado Projeto Heredia, uma campanha pelos direitos à liberdade de viajar e movimento dos cubanos.
“Acreditam que é por isso que nosso movimento sofre a continuidade de uma longa jornada de boicote informativo, silenciamento, intrigas, procedentes, de diversas forças, algumas que dizem opor-se ao regime comunista e outras invisíveis mas todas coincidentes com a repressão feroz do regime por nos aniquilar”, indica Payá.
O ativista esclarece que não se trata de um movimento confessional. “Os partidos e estados confessionais como os comunistas fascistas e partidos e estados fundamentalistas religiosos impõem e se valem da repressão, da mentira, da violência e do terror porque paradoxalmente não têm fé. Se tivessem fé verdadeira respeitaria a liberdade dos filhos de Deus e seus direitos porque Deus é sempre amor e liberdade”, sustenta.
Finalmente, agradeceu aos espanhóis que chegaram a Cuba “não a fazer negócio nem turismo, nem a fazer arranjos com o governo, mas a evangelizar fazendo-se cubanos com os cubanos”.