Em uma carta enviada ao presidente Bronislaw Komoroswki, a Conferência Episcopal da Polônia explicou os diversos perigos da fecundação in vitro, como a eliminação de embriões humanos com métodos eugênicos e a confusão sobre a maternidade e paternidade das pessoas concebidas através desta técnica artificial.

No texto com data de 18 de outubro, os prelados expressam suas sérias preocupações quando no país se debate uma lei que autorizaria este procedimento. Os bispos assinalam que a fecundação in vitro "tem enormes custos humanos associados" já que "para o nascimento de uma criança em cada caso se produz a morte de muitas vidas, e ademais outros embriões são congelados".

"A ciência e a fé sublinham que desde o momento da concepção temos a uma pessoa humana, neste caso a pessoa humana em sua fase embrionária", prosseguem.

A carta adverte além que embora o procedimento da fecundação in vitro não tenha sido plenamente explorado em suas implicações sobre as crianças concebidas com este método, existem evidências de diversos efeitos negativos sobre os mesmos como "a menor resistência física, a tendência a ser prematuros, o baixo peso, as complicações e a freqüente incidência de doenças genéticas".

A carta assinala logo que "a fecundação in vitro é a irmã pequena da eugenia, a pior combinação de uma história não muito longínqua. Este processo supõe a ‘seleção’ dos embriões, o que significa matá-los. Trata-se de eliminar embriões humanos mais fracos, diagnosticados como ‘insuficientes’, quer dizer eugenia seletiva, condenada pelo Papa João Paulo II e outras importantes personalidades".

Quanto às conseqüências sociais, os bispos da Polônia se referem ao feito, por exemplo, de que "uma criança concebida com este procedimento poderia chegar a ter três mães: a que educa, a genética (a doadora) e a biológica (a que o deu à luz). Algo similar ocorreria com a paternidade já que muitos doadores do chamado ‘material genético’ são anônimos e entretanto existem precedentes de homens aos quais se exige pagar os mantimentos para a criança concebida que ajudaram a conceber com seu ‘material’", gerando além disso uma "inevitável" redefinição da paternidade, a maternidade e a fidelidade conjugal.

Depois de ressaltar que a fecundação in vitro não cura nem acautela a infertilidade, os prelados se solidarizam com os matrimônios que a sofrem e solicitam que o debate sobre este tema seja objetivo e respeitoso da pessoa humana "na fase atual da história polonesa".