O presidente do Instituto para as Obras de Religião (IOR), o economista Ettore Gotti Tedeschi, deplorou que se use "um engano de procedimento" nesta instituição para atacar à Santa Sé com uma investigação é obvio branqueamento de dinheiro contra os responsáveis pelo chamado banco vaticano.

Em uma entrevista publicada hoje pelo jornal financeiro Il Sole 24 ore, Tedeschi declarou que "se está usando um engano de procedimento como uma desculpa para atacar o instituto (IOR), o seu presidente, e o Vaticano em geral".

O economista disse que a transação que consistia em transferir em total 23 milhões de euros, expropriados por ordem da juíza Maria Teresa Covatta, "foi uma operação normal de tesouraria e implicava uma transferência desde contas do banco do Vaticano a outras contas do banco do Vaticano".

Tedeschi explicou que nos últimos dez meses o banco "esteve adaptando todos seus trâmites internos para estar em harmonia com os padrões de transparência internacional".

Sobre este tema, o jornal vaticano L’Osservatore Romano publica hoje um artigo na primeira página titulado "A transparência do IOR" no qual explica detalhadamente os procedimentos que este organismo financeiro realiza para adaptar-se aos mencionados padrões.

O artigo assinala que a Unidade de Informação Financeira dos Bancos da Itália advertiu nas transferências investigadas "uma possível violação das normas contra o branqueamento. Entretanto, do início do ano os órgãos dos Bancos da Itália e o IOR trabalham em estreita colaboração para adequar as operações do IOR aos procedimentos contra o branqueamento".

Com este fim se criou dentro do IOR um escritório de informação financeira sob o controle do Cardeal Attilio Nicora; e nesse sentido se entende as constantes colaborações do IOR com a OCSE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) e o GAFI (Grupo de Ação Financeira Internacional contra o branqueamento de capitais).

Seguidamente explica que "para a adequação às exigências que nascem da inclusão da Santa Sé entre os estados que operam contra o branqueamento de fundos e o terrorismo, o Secretário de estado, Cardeal Tarcisio Bertone, também criou uma comissão presidida pelo mesmo Cardeal Nicora. Além disso a direção do IOR se esforça há tempos –e sobre isto os bancos da Itália estão bem informados– em adequar as estruturas informáticas às regras vigentes em matéria de luta contra o branqueamento".

Assim, indica o artigo, "o IOR procura avançar pela mesma linha dos bancos italianos. Por todos os motivos já mencionados, é fácil compreender que a natureza e o marco das operações agora objeto de investigação podem ser esclarecidas com simplicidade e rapidez. Trata-se, de fato –como já foi sublinhado– de operações de tesouraria cujo destinatário era o mesmo IOR em contas de sua pertença em outros bancos".

"O inconveniente foi causado por uma incompreensão em via de elucidação, entre o IOR e o banco que recebeu a ordem de transferência. Com a certeza de que nenhuma conta nova foi aberta sem a estrita observância das regras ditadas pela Bankitalia, vale à pena reiterar que o IOR não pode considerar um banco na acepção corrente já que administra bens de instituições católicas em nível internacional, e estando localizada no Estado da Cidade do Vaticano, está fora das jurisdições dos distintos bancos nacionais".

Finalmente, o artigo recorda que "a integridade e a capacidade do professor Gotti Tedeschi são bem conhecidas nos ambientes financeiros italianos e internacionais".