A Secretaria de Estado Vaticano expressou seu "assombro e perplexidade" ante a investigação iniciada pela Fiscalização de Roma contra o diretor do Instituto de as Obras de Religião (IOR), o economista Ettore Gotti Tedeschi, pela suposta omissão de dados sobre uma transferência bancária dentro da Comunidade Européia.

Em um comunicado, o Vaticano apóia Gotti Tedeschi e assegura que "é evidente a clara vontade, manifestada muitas vezes por parte das autoridades da Santa Sé, de plena transparência no que diz respeito às operações financeiras do Instituto para as Obras de Religião (IOR). Isto exige que se realizem todos os procedimentos para acautelar o terrorismo e o branqueamento de capitais".

Conforme informa o jornal ‘La Razón’ da Espanha, a juíza María Teresa Covatta dispôs a investigação contra o diretor do IOR e a expropriação preventiva de 23 milhões de euros depositados em uma conta corrente do banco Credito Artigiano em nome do IOR, que não está considerado como uma entidade de crédito da Comunidade Européia.

A Fiscalização indaga duas operações bancárias que previam a transferência de 20 milhões de euros à JP Morgan de Fráncfort (Alemanha) e de três milhões de euros aos Bancos de Fucino. Segundo os investigadores, não foi fornecida toda a informação sobre estes movimentos.

O comunicado vaticano explica que "as autoridades do IOR estabeleceram os contatos e os encontros necessários, já seja com Os bancos da Itália ou com os organismos internacionais competentes –Organisation for Economic Cooperation and Development (Oecd) e Gruppo di Azione Finanziaria Internazionale contra o branqueamento de capitais (Gafi)– para a inserção da Santa Sé na chamada Lista Branca".

"Por isso a Santa Sé manifesta sua perplexidade e assombro pela iniciativa da fiscalização de Roma, tendo em conta que os dados informativos necessários já estão disponíveis no escritório competente dos Bancos da Itália, e operações análogas ocorrem normalmente com outros institutos de crédito italianos", acrescenta.

O texto da Secretaria de Estado conclui explicando que "devido às importâncias citadas fica claro que se trata de operações de transferência por tesouraria em institutos de crédito não italianos cujo destinatário é o mesmo IOR. A Santa Sé expressa por isso sua confiança em seu presidente e no diretor geral do IOR".

Em declarações à ADNKronos, Gotti Tedeschi manifestou seu mal-estar pela investigação. "Sinto-me profundamente humilhado pelo que está acontecendo e não quero acrescentar nada mais ao assunto", afirmou e descartou implicitamente ter omitido dados pois assegura que desde sua nomeação como diretor do IOR trabalhou enfrentando "problemas como os que por hoje sou investigado, dedicando-me a tempo completo à resolução dos mesmos".

O prefeito de Roma, Gianni Alemano, solidarizou-se pessoalmente com o funcionário e destacou "sua seriedade e correção profissional e institucional. Espero que estes eventos que me deixam perplexo se esclareçam em breve".