A agência vaticana Fides divulgou uma carta assinada pelo Cardeal Ivan Dias e pelo Arcebispo Robert Sarah, Prefeito e Secretário respectivamente da Congregação para a Evangelização dos Povos, dirigida aos bispos e sacerdotes na China Continental na qual os anima a continuar com sua missão.

"As celebrações do Ano Sacerdotal, que foram recentemente concluídas, me incentivaram a mandar-vos uma cordial e fraterna saudação e a destinar-vos uma palavra de encorajamento no árduo compromisso pastoral que estais desempenhando como pastores da grei que o Senhor vos confiou em nesta nobre Nação. Desejava dizer-vos estas coisas pessoalmente e escutar também as vossas alegrias e as vossas dores, bem como a esperança que nutris e os desafios que afrontais todos os dias. Os vossos testemunhos e as vossas mensagens, que chegam a esta Congregação Missionária, nos dão muita consolação e nos estimulam a levantar fervorosas orações, a fim de que o Senhor vos torne sempre mais fortes na fé e vos sustente nos vossos esforços para propagar a Boa Nova de Jesus Cristo nesta dileta Nação".

"Exatamente porque um sacerdote é um Alter Christus – também, Ipse Christus –, ele deve ser um Homem de Deus e Homem para os outros.

Antes de tudo, Homem de Deus: isto é, aquele que leva os homens a Deus e traz Deus aos homens. Ele deve, portanto, distinguir-se como homem de oração e de vida austera, profundamente enamorado por Jesus Cristo e, como João Batista, ansioso por proclamar a sua presença em meio a nós, particularmente na Santa Eucaristia".

"Um sacerdote deve ser, pois, também um Homem para os outros: alguém, isto é, inteiramente dedicado aos fiéis jovens e adultos, confiados aos seus cuidados pastorais, e a todos aqueles com que o Senhor Jesus desejou identificar-se ou àqueles a que mostrou benevolência: os pecadores, antes de tudo, e os pobres, os doentes e marginalizados, as viúvas, as crianças, bem como as ovelhas que ainda não são do seu rebanho (cf. Jo 10, 16). Um eclesiástico terá, então, cuidado para resistir a todo desejo de enriquecer-se com os bens materiais ou de buscar favores para a própria família ou etnia, ou de nutrir uma ambição doentia de fazer carreira na sociedade ou na política. Tudo isso é estranho à sua vocação sacerdotal e o distrai gravemente da sua missão de conduzir os seus fiéis, de bom pastor, sua vida de santidade, da justiça e da paz".

O texto se refere depois ao "importante papel de um bispo ou de um sacerdote como agentes de unidade no seio à Igreja de Deus", sublinhando que esta tarefa tem uma dupla dimensão e comporta a comunhão com o Papa, a pedra sobre a que Jesus edificou sua Igreja e a união dos membros que formam parte dela.

"Em primeiro lugar: comunhão com o Santo Padre. Sabemos bem o quanto alguns de vós deveis ter sofrido no passado recente devido à sua fidelidade à Santa Sé. Prestamos homenagem a cada um daqueles que, na certeza de que, como afirma o Papa Bento XVI, "a comunhão com Pedro e seus sucessores, de fato, é garantia de liberdade para os pastores da Igreja e para a própria Comunidade a eles confiada": de fato, "o ministério petrino é garantia de liberdade no sentido da plena adesão à verdade, à autêntica tradição, de tal forma que o Povo de Deus seja preservado de erros concernentes à fé e à moral" (Homilia do Papa na Solenidade dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo, 29 de junho de 2010). A exemplar fidelidade e a admirável coragem, demonstrada pelos católicos na China com relação à Sé de Pedro, são um dom precioso do Senhor".

Citando a homilia do Santo Padre de 29 de junho passado, Solenidade de São Pedro e São Paulo, o Cardeal Dias escreve: "o dano maior, de fato, provém daquilo que polui a fé e a vida cristã dos seus membros e das suas comunidades, afetando a integridade do Corpo Místico, enfraquecendo a sua capacidade de profecia e testemunho, manchando a beleza de seu rosto". E o Papa indica o instigador de tal situação nefasta quando declara: "Um dos efeitos típicos da ação do Maligno é exatamente a divisão no interior da comunidade eclesial. As divisões, de fato, são sintomas da força do pecado, que continua a agir nos membros da Igreja mesmo após a redenção. Mas a palavra de Cristo é clara: 'Non praevalebunt - não prevalecerão' (Mt 16, 18). A unidade da Igreja está enraizada na sua união com Cristo, e a causa da plena unidade dos cristãos - sempre a se buscar e renovar, de geração em geração - é, então, sustentada pela sua oração e sua promessa".

A carta conclui com um louvor a Deus "pelos esforços já realizados ou em curso rumo à unidade no seio da Igreja, também no fiel cumprimento das indicações dadas pelo Santo Padre na Carta que Ele vos endereçou em 27 de maio de 2007, e pelos resultados obtidos até agora. Desejo suplicar que Deus abençoe as vossas iniciativas a fim de que a unidade dos Pastores entre si e com o seu rebanho seja sempre mais enraizada em Cristo e na Igreja "ad maiorem Dei gloriam".".

O Cardeal Dias assegura a "a proximidade espiritual de Sua Santidade o Papa Bento XVI, o Qual vos abençoa com afeto paternal, conjuntamente àqueles que são confiados aos vossos cuidados pastorais, e vos convida a prosseguir intrépidos o seu caminho da santidade, da unidade e da comunhão, como fizeram as gerações que vos precederam".