O presidente do Conselho Autonômico de Colégios de Médicos, Ramón Garrido, confirmou esta terça-feira que a maioria dos ginecólogos da região espanhola de Castilla-La Mancha que trabalham nos serviços públicos de saúde "solicitaram inscrever-se no registro de objeção de consciência", ao mesmo tempo em que afirmou que é "muito positivo que, pela primeira vez, uma lei reconheça a objeção de consciência para um tema tão importante como pode ser o aborto", mas acredita "que outros especialistas ou médicos também poderiam expor a objeção de consciência".

O presidente do Conselho Autonômico de Colégios de Médicos realizou estas declarações aos meios antes do começo da reunião que teve com o conselheiro de Saúde e Bem-estar Social, Fernando Lamata, para analisar a nova Lei de Saúde Sexual e Reprodutiva e da Interrupção Voluntária da Gravidez, quer dizer a nova lei do aborto.

Do mesmo modo, Garrido explicou que existe um "temor" entre os médicos "de que essa lista seja como uma lista negra", já que "os associados têm medo de que se faça um uso diferente dessa lista que aquele à qual está destinada".

Por isso, pediu "que só utilizem essa lista os que estão diretamente implicados que seriam as gerências, os chefes de serviço e o serviço público de saúde".

"Preocupação pela lei"

Por sua parte, o conselheiro de Saúde e Bem-estar Social, Fernando Lamata, manifestou que a reunião que pediu manter com o Ramón Garrido ocorreu porque "existe uma preocupação pela modificação da Lei de Saúde Sexual e Reprodutiva" (a nova lei do aborto), em concreto, "há um aspecto que preocupa, que é a garantia do direito à objeção de consciência dos profissionais da saúde implicados".

"Queremos melhorar o desenvolvimento da garantia desse direito à objeção de consciência, portanto, há uma vontade de diálogo para desenvolver as melhores ferramentas para garantir o direito e, ao mesmo tempo, garantir o direito à intervenção voluntária da Gravidez das mulheres", afirmou Lamata.

Diminuir o número de abortos

Sobre as perguntas dos meios, Lamata afirmou que a previsão é que se consiga "diminuir o número de abortos, já que é o objetivo da lei e das políticas que desde o Conselho de Saúde se impulsionam que é prevenir a Gravidez não desejada, e isso passa por insistir nos programas de educação sexual".

Do mesmo modo, expressou a previsão que compartilham com o Governo da Espanha, "que não é científica, e se trata de que diminua o número de abortos no país, posto que é alto, mais de 100 mil abortos por ano, para 300 mil nascimentos" e acrescentou que "que deverá seguir trabalhando para conseguir essa diminuição, já que desde que foi aprovada a Lei do Aborto na Espanha as cifras foram subindo ano após ano".

Para finalizar, destacou que o último dado publicado reflete que foram feitos 3.600 abortos na região de Castilla-La Mancha, cifra que subiu na mesma proporção que no total da Espanha, embora tenha destacado que a taxa por habitante na região é menor.