O diretor do observatório astronômico do Vaticano, José Gabriel Funes, concedeu uma recente entrevista à Revista New Scientist, na qual considera que não existe um conflito real entre os resultados da ciência e da fé. O diretor do observatório astronômico do Vaticano fala em “problema” quando a religião “entra no mundo da ciência, o método científico” ou “quando cientistas usam ciência fora do método científico, para fazer afirmações filosóficas e religiosas - usando ciência para uma finalidade para a qual a ciência não foi feita”. Falando sobre o seu trabalho o Pe Funes diz que este “me ajuda a ser uma pessoa religiosa, um padre”.

Em declarações reunidas pela agência Ecclesia, o Pe. Gabriel Funes indica que o Vaticano não interfere nas pesquisas dos cientistas, pelo que pode pesquisar qualquer tema, assegurando mesmo que a eventual descoberta de vida extra-terrestre não seria um problema para a religião.
"Eu não vejo nenhuma dificuldade séria para a teologia católica se - «SE» - nós encontrarmos vida noutro lugar do universo", sublinha.

Segundo a nota da agência Ecclesia o jesuíta português revela ter tido uma audiência privada com Bento XVI em 2008 e que o Papa nunca deu indicação para “estudar isto ou aquilo”.
“Nós temos completa liberdade para investigar e os tópicos que estudamos são tópicos nos quais os astrônomos estão interessados: ciência planetária, agrupamentos de galáxias, cosmologia e o big bang”, afirmou.

O diretor do observatório astronômico do Vaticano fala em “problema” quando a religião “entra no mundo da ciência, o método científico” ou “quando cientistas usam ciência fora do método científico, para fazer afirmações filosóficas e religiosas - usando ciência para uma finalidade para a qual a ciência não foi feita”.

Questionado se o seu trabalho afeta de alguma maneira as suas convicções religiosas, o Pe. Funes afirma: “Diria que o meu trabalho como cientista me ajuda a ser uma pessoa religiosa, um padre".
José Gabriel Funes tem um doutorado em astronomia na Universidade de Pádua (Itália), sobre o tema “Cinemática do gás nas regiões centrais das galáxias com disco”, que apresentava os resultados obtidos ao “pesar” os buracos negros supermaciços que se encontram no centro das galáxias com disco.

Nos últimos anos, o Pe. Funes trabalhou no estudo da formação estelar nas galáxias próximas, aquelas que não se encontram a uma distância maior de 50 milhões de anos-luz. A formação estelar é um tema chave para poder entender o processo de formação e evolução das galáxias.

O Observatório Vaticano foi fundado em 1891 por Leão XIII para mostrar que "a Igreja e os seus pastores não se opõem à ciência autêntica e sólida, tanto humana como a divina, mas abraça-a, impulsiona-a e promove-a com a mais completa dedicação", disse o atual diretor.

Apesar de que a sede central do Observatório Vaticano seja em Castel Gandolfo, fundou-se um segundo centro de pesquisa, “The Vatican Observatory Research Group” (VORG) em Tucson, Arizona (EUA) no ano de 1981, quando o céu de Roma estava demasiado brilhante para a observação. Este segundo centro é uma das maiores e mais modernas instituições de observação astronômica.

Em 1993, em colaboração com o Steward Observatory, o Observatório Vaticano completou a construção do Vatican Advanced Technology Telescope (VATT) no Monte Graham, Arizona, considerado um dos melhores lugares astronômicos na América do Norte continental.