O Promotor de Justiça (fiscal) da Santa Sé, Dom Charles Scicluna, em sua intervenção na conferência de imprensa sobre as novas normas referentes aos delitos graves na Igreja entre os que se encontram os abusos sexuais por parte de membros do clero, indicou que embora estas disposições sejam importantes, é necessário pô-las em prática de maneira eficiente.

No encontro catalogado por alguns como algo "que não será visto desde os dias do Cardeal Ratzinger", Dom Scicluna respondeu com amabilidade, precisão e de maneira direta as perguntas que os jornalistas fizeram-lhe em inglês e italiano. Um dos primeiros temas foi o da ordenação de mulheres que um setor quis equiparar aos abusos sexuais contra menores: "Não estão no mesmo nível", precisou, "já que os pecados graves estão divididos entre os que estão contra a moralidade cristã e os aqueles cometidos na administração dos sacramentos".

Depois de indicar que os abusos sexuais contra menores e a pornografia infantil são pecados mais graves e representam "uma séria violação à lei natural", o promotor disse que a ordenação de mulheres é grave "em outro nível", precisando que isto gera uma ferida que vai contra a fé católica e o sacramento da Ordem sagrada.

"Então ambos são graves mas em níveis diferentes" e explicou que a comparação que surge entre ambos é incidental já que "estão no único documento que busca pôr ordem à competência sobre os delitos graves que estão reservados à Congregação para a Doutrina da Fé" (CDF).

Dom Scicluna defendeu logo a postura do Papa Bento XVI sobre a obediência da lei civil nos casos de abusos contra menores. O Santo Padre, disse, "foi muito claro. Os cristãos obedecem as leis civis quando é justo e não há dúvida de que neste caso o é".

O promotor de justiça acrescentou que a lei permite à vítima decidir se dá a conhecer o crime ou não e que este desejo também deve ser respeitado. Deste modo se referiu à faculdade da CDF para revisar as ações dos prelados da Igreja e seus funcionários como "um importante sinal porque isto significa que a congregação pode investigar e logo enviar os resultados ao Papa".

Seguidamente agradeceu em nome da CDF, da qual depende, a decisão do Santo Padre de aprovar as normas modificadas.

Finalmente o sacerdote maltês disse: "acredito que este é um passo muito importante desde o ponto de vista do direito canônico, do ponto de vista técnico. Mas um documento sempre é um documento, não soluciona todos os problemas. É um instrumento muito importante, mas no modo em que este seja usado está o fato de que terá um verdadeiro efeito na Igreja".