O Cardeal emérito Aloísio Lorscheider recebeu na terça-feira no auditório central da Universidade Estadual do Ceará (UECE), o título de Doutor Honoris Causa concedido pela instituição por sua contribuição ao longo de seus 22 anos de Arcebispo em Fortaleza. A homenagem abre as comemorações de 30 anos da UECE e acontece 10 anos depois do cardeal ter deixado sua prelatura no Ceará.

Apesar da demora, o cardeal gracejou dizendo que os cearenses estão perdoados, pois jamais imaginou que amaria tanto o Ceará. “Não foi tardio. Vocês estão todos absolvidos. Eu já recebi vários títulos, mas há certos títulos que tocam o coração da gente”.

O cardeal em seguida  lembrou os anos “de alegria e aprendizado” que passou em Fortaleza.

As desculpas foram em razão da  saudação do membro do Conselho Universitário da UECE e coordenador do curso de Medicina da Universidade, Marcelo Gurgel Carlos da Silva, autor da proposta de outorga aprovada por unanimidade, em sessão do Conselho, no dia 20 de dezembro de 2004. O professor afirmou que o título poderia ter sido dado há pelo menos 10 anos e pediu perdão citando a oração de São Francisco.

Marcelo Gurgel justificou a honraria afirmando que, apesar dos profundos conhecimentos em teologia, filosofia, administração eclesial e outras línguas, o cardeal merece homenagens por suas atividades de civismo, brasilidade e por ser um homem de ação e oração.

A cerimônia foi presidida pelo reitor Jáder Onofre de Morais, e contou com a presença do governador Lúcio Alcântara, da prefeita Luizianne Lins e dos ex-reitores Assis Araripe, Perípedes Maia e Cláudio Régis Quixadá, além do professor Murilo Martins, representando o fundador da Universidade Federal do Ceará, Antônio Martins Filho, já falecido. Monsenhor Souto, da Catedral Metropolitana de Fortaleza, representou o arcebispo Dom José Antônio Aparecido Tosi. Deputados, diretores de centro, professores, alunos e alguns religiosos assistiram ao evento.

D. Aloísio leu em seu discurso o trabalho O Homem e Ser Religioso, enfatizando que a religião é “religação” com Deus e com os homens, ensinou que ninguém pode fechar-se em si mesmo. Observou também que três atitudes marcam o mundo e criam “esquisofrenia coletiva”: o secularismo, que visa ao imediato e tangível; o relativismo, em que não há princípios universais de moral; e o consumismo, que torna o homem insatisfeito e o afasta de Deus.

Não se pode pensar o ser humano que não sinta essa nostalgia de Deus, essa saudade de Deus. Ele é o Dono do Universo. E por isso devemos amar ao próximo como Deus nos amou e ao seu Filho, se quisermos construir uma sociedade de paz. É por aí o nosso caminho”, refletiu.