O Bispo de Alcalá de Henares (diocese que fica na comunidade de Madrid), Dom Juan Antonio Reig Plá, assegurou esta sexta-feira que os médicos católicos sofrem "um forte rechaço e incompreensão" e se vêem "indefesos" ante umas "inquietantes" prospectivas de investigação, a seu julgamento, "cada vez mais arriscadas e sem escrúpulos" na Espanha.

"A vida humana não é considerada como um absoluto que deverá respeitar sempre mas sim como um bem relativo a ser valorizado segundo um cálculo de vantagens para as próprias pessoas em termos de prazer e de bem-estar, para outros, e para a sociedade em termos de utilidade, produtividade e sustentabilidade", denunciou durante a celebração na Universidade San Pablo (CEU) do I Congresso de Médicos Católicos "Ars médica e Fé cristã".

Não obstante, Dom Reig Plá assinalou que parece que se abre para a Igreja "uma nova possibilidade de palavra e presença evangelizadora" pela necessidade de retornar à lei natural e às normas morais.

Em qualquer caso, afirmou que quando propõem respostas morais "claras e não suscetíveis de exceção", encontram-se com "um forte rechaço e mais radicalmente com uma incompreensão".

"Em um tempo não muito longínquo se confiava à teologia moral propor com autoridade soluções pontuais a todos os problemas da deontologia médica, mas pouco a pouco foi se desenvolvendo uma ética laica e autônoma sem referência à teologia", acrescentou.

Além disso, o Prelado rechaçou a "bioética laica" que, conforme apontou, "mantém que só ficam protegidas as exigências da racionalidade quando se abandona o princípio teológico que afirma a sacralidade da vida e se aceita o novo ponto de vista da qualidade da vida".

Ofensiva laicista

Nesta linha, o reitor da Uiversidade San Pablo, Rafael Sánchez Saus, sublinhou que na atualidade existe uma "ofensiva laicista" ante a qual, na sua opinião, é preciso que a Universidade católica ofereça um âmbito de reflexão e de ação. Assim, pediu aos cidadãos que não se façam "cegos" ante as realidades cotidianas da Espanha e que "não calem" diante delas.

Por sua parte, o presidente da Associação Católica de Propagandistas (ACdP) e da Fundação Universitária San Pablo CEU, Alfredo Dagnino, assinalou que a profissão médica "por sua dignidade e responsabilidade de confortar, sanar e ajudar ao próximo, aproxima-se muito à vocação do sacerdócio".

Por isso, segundo o seu critério, os médicos cristãos devem atuar de forma "urgente" frente àquelas "correntes ideológicas que buscam influenciar na consciência reta dos médicos e induzi-los a prestar seu trabalho em práticas contrárias à moral não só cristã mas também natural".

Por último, Dagnino reivindicou que não se obrigue "nunca" os médicos a serem "instrumentos de morte", que se respeite a “liberdade de consciência deles" e que haja uma "firme amparo jurídico da vida humana em todos seus estádios e nas adequadas estruturas ativas que acolhem a vida nascente".