O Papa Bento XVI chegou esta manhã ao Turim em ocasião da Ostensão do Santo Sudário nesta cidade italiana. Na Missa que presidiu na Praça de São Carlos ante mais de 50 mil fiéis, o Santo Padre assinalou que a Síndone é um testemunho concreto de como deve ser o amor e a esperança –sem limites e até o extremo– que deve viver toda pessoa cotidianamente, fazendo frente às dificuldades inclusive as do próprio coração, para transformar tudo a Cristo.

Depois de saudar e agradecer aos que fizeram possível esta visita, o Papa explicou que a glorificação de Cristo não começa com sua ressurreição mas com sua paixão. "Ele amou o Pai, cumprindo sua vontade até o final, com uma doação perfeita, amou a humanidade dando sua vida por nós", convertendo-se no exemplo supremo da maneira em que o ser humano deve viver o amor cotidianamente.

Seguidamente Bento XVI se referiu ao mandamento "novo" deixado pelo Senhor Jesus: "amai-vos mutuamente como eu vos amei": o Santo Padre explica que este mandato já aparecia no Antigo Testamento. "Mas qual é a sua novidade? Já no Antigo Testamento Deus havia dado o mandamento do amor; agora, porém, este mandamento tornou-se novo, enquanto Jesus lhe traz um acréscimo muito importante: <<Como eu vos amei, amai-vos também uns aos outros>>. O que é novo é justamente este "amar como Jesus amou". O Antigo Testamento não apresentava nenhum modelo de amor, mas formulava somente o preceito de amar. Jesus, ao invés, deu-nos a si mesmo como modelo e fonte de amor. Trata-se de um amor sem limites, universal, capaz de transformar também todas as circunstâncias negativas e todos os obstáculos em ocasiões para progredir no amor", declarou o Santo Padre.

Este amor, disse o Papa, "trata-se de um amor sem limites, universal, capaz de transformar todas as circunstâncias negativas e todos os obstáculos em ocasiões para progredir no amor".

"Jesus nos pede que vivamos o seu amor, que é o sinal verdadeiro crível, eloqüente e eficaz para anunciar ao mundo a vinda do Reino de Deus. Obviamente somente com as nossas forças somos fracos e limitados. Há sempre em nós uma resistência ao amor e em nossa existência há tantas dificuldades que provocam divisões, ressentimentos e rancores. Mas o Senhor prometeu-nos estar presente em nossa vida, tornando-nos capazes deste amor generoso e total, que sabe vencer todos os obstáculos. Se estivermos unidos a Cristo, poderemos amar verdadeiramente deste modo. Amar os outros como Jesus nos amou é possível somente com aquela força que nos é comunicada na relação com Ele, especialmente na Eucaristia, em que o seu Sacrifício de amor que gera amor se torna presente de modo real".

O Papa Bento XVI ressaltou também que "Amar os outros como Jesus nos amou é possível somente com aquela força que nos é comunicada na relação com Ele, especialmente na Eucaristia, em que o seu Sacrifício de amor que gera amor se torna presente de modo real".

Depois de alentar aos sacerdotes, religiosos e consagrados a que "saibam obter diariamente da relação de amor com Deus na oração, a força para portar o anúncio profético de salvação; centralizem a existência de vocês no essencial do Evangelho; cultivem uma real dimensão de comunhão e de fraternidade dentro do presbitério, de suas comunidades, nas relações com o Povo de Deus; testemunhem no ministério o poder do amor que vem do Alto".

O Santo Padre respirou logo às famílias, aos que estudam e trabalham nas universidades e no mundo da cultura e aos encarregados da coisa pública dizendo: “Exorto as famílias a viverem a dimensão cristã do amor nas simples ações cotidianas, nas relações familiares superando divisões e incompreensões, ao cultivar a fé que torna a comunhão ainda mais sólida. Também no rico e variado mundo da Universidade e da cultura não falte o testemunho do amor de que fala o Evangelho de hoje, na capacidade da escuta atenta e do diálogo humilde na busca da Verdade, certos de que a própria Verdade vem ao nosso encontro e nos alcança. Desejo também encorajar o esforço, muitas vezes difícil, de quem é chamado a administrar a coisa pública: a colaboração para buscar o bem comum e tornar a Cidade sempre mais humana e vivível é um sinal que o pensamento cristão sobre o homem jamais é contra a sua liberdade, mas a favor de uma maior plenitude que somente numa "civilização do amor" encontra a sua realização".

Seguidamente o Papa sublinhou como o Santo Sudário mostra que "Aquele que foi crucificado, que partilhou o nosso sofrimento, como nos recorda também, de modo eloqüente, o Santo Sudário, é aquele que ressuscitou e nos quer reunir todos em seu amor. Trata-se de uma esperança estupenda, "forte", sólida, porque, como diz o Apocalipse: «(Deus) enxugará toda lágrima dos seus olhos, pois nunca mais haverá morte, nem luto, nem clamor, e nem dor haverá mais. Sim! As coisas antigas se foram»".

"O Santo Sudário não comunica, por acaso, a mesma mensagem? Nele vemos, como refletidos, os nossos sofrimentos nos sofrimentos de Cristo: "Passio Christi. Passio hominis". Justamente por isso é um sinal de esperança: Cristo enfrentou a cruz para colocar um limite ao mal; para fazer-nos entrever, na sua Páscoa, a antecipação daquele momento em que também para nós, toda lágrima será enxugada e não haverá mais morte, nem luto, nem lamento, nem fadiga".

Logo depois de assegurar que somente o amor de Deus é capaz de transformar tudo, o Papa concluiu exortando "com veemência e com afeto, a permanecerem firmes naquela fé que vocês receberam e que dá sentido à vida; a jamais perderem a luz da esperança no Cristo Ressuscitado, que é capaz de transformar a realidade e tornar novas todas as coisas; a viverem na cidade, nos bairros, nas comunidades, nas famílias, de modo simples e concreto o amor de Deus: "Como eu vos amei, amai-vos também uns aos outros. Amém".