O Arcebispo de Coro na Venezuela, Dom Roberto Lückert, disse que a situação da juíza María Lourdes Afiuni, encarcerada por ordem de Hugo Chávez, é uma amostra de que o sistema judicial venezuelano está seqüestrado.

O Prelado visitou Afiuni no Instituto de Orientação Feminina, onde permanece encerrada logo que em dezembro passado ordenara a liberdade condicional do ex-banqueiro Eligio Cedeño, algo que desatou a ira de Hugo Chávez, quem exigiu 30 anos de cárcere para a juíza. O empresário era conhecido por contribuir com dinheiro para as campanhas de candidatos opositores a Chávez.

Dom Lückert afirmou que Afiuni "representa os juízes honestos venezuelanos". Também criticou os magistrados que constantemente prolongam o encarceramento da juíza, porque se burlam dos espaços jurídicos e se valem de artimanhas para não cumprir as leis.

O Arcebispo revelou que embora a cela seja cômoda, a situação da juíza é precária porque foi se localizada perto de presidiárias que ela mesma condenou e que agora a ameaçam de morte. "Ela se isola, não sai aos pátios do cárcere, nem sequer ao corredor que borda sua cela (...) ela aproveitou minha visita para conhecer a capela e ver o pátio, vive totalmente encerrada em sua cela por temor", informou.

A situação de Afiuni, indicou o Prelado, denota "o desarmamento que temos os venezuelanos ante a justiça".