Em entrevista concedida à ACI Prensa, a agência em espanhol que encabeça o grupo ACI do qual ACI Digital faz parte, o Presidente do Movimento Cristão Liberação (MCL), Oswaldo Payá, assinalou que "os cubanos têm direito aos direitos", e expôs a necessidade de impulsionar o Projeto Varela para uma mudança democrática em Cuba e pediu o apoio de toda a comunidade internacional nesta luta pacífica e sem tinturas ideológicas.

Na segunda parte da sua entrevista com a ACI Prensa, Payá se referiu à complicada situação da Ilha que às vezes pode fazer perder a esperança. Ante esta situação, disse "nosso chamado é em primeiro lugar a que a pessoa descubra, seja crente ou não crente, que tem uma capacidade que Deus lhe dá para que seja livre. Quer dizer que nasce livre e com direitos. Nós dizemos: Os cubanos têm direito aos direitos".

"E semeamos a esperança não em uma potência estrangeira, nem tampouco em que morra um ditador ou que sofram dano as pessoas que nos oprimem. Dizemos às próprias pessoas. Descubra sua própria dignidade, descubra seus próprios direitos e por amor ao próximo se solidário. Quer dizer a fonte desta liberação não é de ódio nem de desejo de destruir o outro, mas o amor, o amor próprio mas não egoísta".

Referindo-se logo ao projeto Varela que promove, o Presidente do MCL explicou que este propõe "perguntar aos cubanos em um referendum se quiserem estas mudanças. Que não falem mais dos cubanos, que não falem mais de solidariedade, de auto-determinação, de soberania, quando o povo não pode exercer sua soberania. O projeto Varela por isso propõe aos cubanos que se pergunte em um referendum. E é constitucional, é um direito constitucional o que exercemos, se querem mudanças nas leis".

O projeto Varela, continuou, "é um caminho pacífico mas que dá o poder cidadão, que dá a capacidade ao cidadão para participar da vida política, econômica e decidir sobre as mudanças. Que seja o povo quem dita o que é bom, o que quer, mas sobre tudo em um ambiente de reconciliação, em um ambiente que aponta para a fraternidade. Isso é muito importante, porque não queremos uma liberação a partir do enfrentamento de irmão contra irmão".

"Acreditam e assim o movimento cristão liberação não é interprete do evangelho nem é confessional mas sim recebemos essa luz do Evangelho, o reconhecimento a cada ser humano como seu irmão. Por isso nosso lema é ‘todos cubanos, todos irmãos e agora a liberdade’", assinalou.

Ao falar da ajuda da comunidade internacional e logo depois de pedir que não se contraponha os Estados Unidos a Cuba, Payá indicou que o aporte de fora deve estar em "divulgar ao mundo nossa esperança neste caminho pacifico de retorno para os direitos. Levantar as vozes também pacificamente, mobilizar-se crentes e não crentes, cristãos em sua igrejas e em suas comunidades, estudantes, trabalhadores, pedindo que se dê ao povo de Cuba o que é o povo".

Para Payá um ponto central da solidariedade está em "a liberação de todos os detentos políticos por que? Porque eles estão detentos por defender esses direitos. Eles estão detentos por pedir essas mudanças pacíficas, e não por outra coisa".

"Vamos procurar juntos a verdade. Ninguém tem o monopólio da verdade. A verdade está em Deus e todos somos filhos de Deus. E Deus dá liberdade aos seres humanos até mesmo para acreditar ou não acreditar".

"Por isso falamos em termos de liberação, não por violência nem por ódio. Mas sim pela restauração da liberação, a dignidade, os direitos de cada ser humano", concluiu.

Para escutar a segunda parte da entrevista ao Oswaldo Payá com a ACI Prensa em espanhol, ingresse em: http://www.acinews.net/mp3/noticias/segundaparte_entrevistaoswaldopaya.mp3.