Qamar David é um cristão sentenciado injustamente à cadeia perpétua no povoado de Karachi no Paquistão. Ele e um muçulmano, Munwar Ahmen, foram acusados de violar a lei anti-blasfêmia que castiga severamente a quem profane o Corão ou falem contra Maomé. Com os mesmos cargos, só o cristão foi castigado e o islâmico foi absolvido. Esta decisão da corte, explicam, questiona a imparcialidade da mesma.

A sentença, assinalam fontes cristãs no Paquistão, foi dada no último 25 de fevereiro. Para Kamran Khan, um líder cristão em Karachi, a absolvição do muçulmano "gera sérias dúvidas sobre a imparcialidade do julgamento" e da aplicação da lei.

Esta sentença foi rechaçada pelos cristãos, os quais organizaram uma manifestação de protesta nos subúrbios do Karachi Press Club no domingo 28 de fevereiro. Entre os manifestantes estava a esposa de Qamar David.

Além da sentença à prisão perpétua, David deve pagar uma multa de uns mil e cem dólares. O caso se originou quando em 2006 foi acusado de ir contra a fé islâmica em uma mensagem de texto enviada a um muçulmano, Khurshid Ahmed Khan, fato que não foi corroborado, conforme indicam o advogado Parvez Aslam Choudhry.

Choudhry explica que desde então, David "esteve na prisão em condições muito severas. Uma vez foi atacado pelos outros detentos muçulmanos no cárcere. Inclusive na corte e fora dela os advogados da outra parte tentaram golpeá-lo e o ameaçavam de causar-lhe danos. Apresentou-se uma queixa ante o tribunal, mas não se tomou nenhuma ação".

Depois do "festejo" dos muçulmanos pela sentença que condena David à cadeia perpétua, Choudhry assinalou que "a medida foi muito esperada dada a contínua pressão na corte por parte de grupos muçulmanos".