ROMA, 13 de jan de 2010 às 08:49

O Prefeito da Congregação para o Clero, Cardeal Claudio Hummes, explicou que a Igreja acolhe todas as "legítimas diversidades em seu seio" e exorta sempre os seus sacerdotes a cumprirem seus compromissos. Aos que sendo presbíteros estão uma situação irregular, anima a regularizá-la.

Em entrevista concedida ao L’Osservatore Romano, o Cardeal indicou que a Igreja Católica "está pronta a acolher a todas as legítimas diversidades em seu seio. Não se preocupa de categorias humanas que falam de direita, esquerda, progressistas, conservadores. A nossa não é uma Igreja sectária. É católica, é Una, Santa, Apostólica e pronta a abraçar a todos, como uma grande mãe".

A Igreja, disse logo o Prefeito, "oferece a todos a possibilidade de cumprir caminhos diversos no comum testemunho do Evangelho. Se pensarmos na história das ordens religiosas, em suas diferentes espiritualidades, vê-se que são diversas umas de outras, mas todas capazes de levar a riqueza dos carismas na única Igreja de Cristo. Naturalmente todos devem caminhar na unidade. Mas unidade não quer dizer uniformidade".

Abertura aos anglicanos

Ao ser perguntado sobre se neste contexto o Papa publicou a constituição apostólica Anglicanorum coetibus, que explica o modo em que os anglicanos podem retornar à plena comunhão da Igreja, o Cardeal disse que "sim, sem dúvida. Entrar a fazer parte de nossa comunidade eclesiástica foi pedido deles. A Igreja Católica não tem feito mais que abrir suas portas, como é seu estilo de acolhida".

"Aos anglicanos vindos entre nós –afirmou– ela oferece a possibilidade de viver a fé, também em uma forma um pouco diversas, mantendo algumas das características de seu rito, de sua espiritualidade, de sua liturgia, quer dizer de tudo o que faz possível que a vivam sem comprometer a unidade da comunhão eclesiástica. Isto significa assim que entram plenamente na comunhão eclesiástica".

O Prefeito da Congregação para o Clero se refere logo aos sacerdotes que se encontram em uma situação irregular e os exorta a normalizar sua situação: "a Igreja não abandona a ninguém, ninguém é excluído do amor, da fraternidade. Nem sequer quantos ainda não tomaram a decisão de pedir a dispensa, que é sempre o melhor que podem fazer em certos casos".

"Quem abandonou ‘de facto’ o ministério ou quem de algum modo já não está mais nas condições necessárias para seguir adiante, está chamado a regularizar a situação, como sacerdote, perante Deus, perante a Igreja e perante sua própria consciência".

Seguidamente o Cardeal Hummes assegurou que "solicitando oficialmente ser dispensado destas obrigações se retorna a uma situação correta para viver perante Deus. Ao final, em soma, oferece-se sempre a todos a possibilidade de recuperar o estado de graça".

Depois de ser questionado, então, se "é possível que alguém se arrependa e volte", o Prefeito disse que "sim, considerando que são necessárias diversas condições e uma verdadeira conversão para voltar a exercer o ministério".