Em uma nota do Comitê Executivo da Conferência Episcopal Espanhola (CEE) dada a conhecer esta quinta-feira, os prelados lamentaram "profundamente que em seu dia se admitiu a trâmite e que hoje se votou em comissão parlamentaria uma reprovação das palavras e da atuação" do Papa Bento XVI por suas afirmações sobre a luta contra a AIDS, em sua viagem à África.

Naquela oportunidade, Bento XVI explicava que o trabalho da Igreja Católica na luta contra a AIDS é essencial, e que este esforço é duplo: o primeiro consiste em "uma humanização da sexualidade, quer dizer uma renovação espiritual e humana que leve consigo um novo modo de comportar uns com os outros, e segundo, uma verdadeira amizade e sobre tudo com os que sofrem".

Ademais do indicado, o Santo Padre assinalava –em uma resposta que um setor da imprensa deu a conhecer de maneira equivocada e sem a amplitude devida para este delicado tema– "que não se pode superar este problema do AIDS apenas com slogans publicitários. Se não existir o ânimo, se os africanos não se ajudarem, não se pode resolver o flagelo com a distribuição de preservativos: ao contrário, o risco que se corre é o de aumentar o problema".

Diversos governos rechaçaram as expressões do Papa e o Parlamento espanhol discutia uma iniciativa que foi impulsionada pela Esquerda Unida e pela “Iniciativa per Catalunya Verds” (IU-ICV). Esta medida foi rechaçada finalmente.

Com este tipo de posturas, diz a nota da CEE, o "Parlamento põe em perigo o princípio da liberdade religiosa. Em efeito, a justa distinção entre Estado e sociedade e, mais em concreto, entre Estado e Igreja e entre a ordem política e a ordem moral, exige que as instituições do Estado se abstenham de intervir no livre desenvolvimento das instituições religiosas, e em nosso caso, da Igreja Católica, enquanto não esteja provado que atentem contra a ordem pública".

"Tratar de interferir por meio de reprovações políticas parlamentarias na guia moral que o Papa exerce na Igreja mediante seu Magistério ordinário, contradiz seriamente o princípio de não intervenção e lesa o direito de liberdade religiosa", acrescenta o texto.

Seguidamente os bispos afirmam que "a Igreja Católica, ao expor a doutrina moral que se deriva do Evangelho, contribui à formação das pessoas como verdadeiros sujeitos responsáveis e como cidadãos capazes de colaborar na consecução do bem comum. O Magistério da Igreja propõe aos católicos e a todos os homens uns princípios de vida que não quer nem pode impor a ninguém, mas que não deixará de anunciar com toda liberdade de acordo com a missão recebida".

Finalmente expressam ao Santo Padre "o afeto e a adesão mais cordial dos bispos e de todos os católicos espanhóis".