O Bispo Auxiliar de Santiago, Dom Cristián Contreras Villarroel, recordou que os católicos são membros da sociedade civil e têm direito a opinar sobre temas eleitorais, por isso criticar o chamado dos bispos a uma campanha austera poderia ser entendido como um ato de discriminação.

O Prelado enviou uma carta ao diretor do jornal O Mercúrio em resposta ao editorial de 3 de setembro titulado "Esbanjamento eleitoral?", e que critica o chamado da Igreja à austeridade das campanhas eleitorais em tempos de crise econômica.

O editorial, assinalou o Bispo, "põe em palavras do Comitê Permanente do Episcopado a seguinte frase: ‘os chilenos esperam uma campanha eleitoral sem gasto desmesurado de recursos’". Esta afirmação, esclareceu, "não está contida na declaração" titulada "Amizade cívica em tempo eleitoral".

O Prelado disse que os bispos sabem que para poder transmitir suas mensagens, os candidatos precisam realizar um gasto oneroso, "mas não por isso esbanjador e desproporcionado". "Afirmar isto não implica que a Igreja exponha de modo ‘irrealista’ que aquilo possa realizar-se ‘sem mobilização de recursos, desdobramento de propaganda, participação de atos com ao longo do país e mensagens nos meios’, como desprende artificiosamente o editorialista", advertiu.

Nesse sentido, indicou que o que o Episcopado pede é "um especial gesto de solidariedade" para os mais pobres procurando "campanhas austeras e singelas". Expressou que atribuir à Igreja outra intenção que a claramente expressa "poderia parecer uma tentativa a mais de querer relegá-la ao âmbito privado e cultual".

Dom Contreras disse que esta tentativa fica em evidência quando o editorial nega à Igreja a possibilidade de referir-se às campanhas eleitorais, afirmando que "trata-se de um tema essencialmente leigo e próprio da esfera da sociedade civil".

"Todos os católicos são cidadãos e, assim que como tais, membros dessa mesma sociedade civil. Marginar-nos dela poderia ser entendido como um ato de discriminação", recordou o Bispo Auxiliar de Santiago.

Acrescentou que o chamado à austeridade "aponta a evitar populismos e a substituição da verdadeira reflexão em torno dos desafios reais do Chile. Isto, longe de rebaixar o nobre trabalho dos encarregados de comunicação, marketing e publicidade das campanhas, os incentiva à criatividade e a fazer mais eficientes seus recursos".

Finalmente, Dom Contreras afirmou que "a mensagem episcopal exorta a que as campanhas e o debate político permitam debater e abrir horizontes para todos os chilenos, especialmente os mais adiados, como também convidou a Igreja no Chile em diversas ocasiões".