ROMA, 3 de set de 2009 às 14:48
O Presidente da Conferência Episcopal Italiana (CEI), Cardeal Angelo Bagnasco, agradeceu o esforçado trabalho do agora ex-diretor do jornal Avvenire dos bispos deste país, Dino Boffo, depois da renúncia irrevogável que apresentou à direção do jornal.
Em uma nota do Escritório Nacional para as Comunicações Sociais da CEI, publicada na edição de hoje do L'Osservatore Romano, indica-se que o também Arcebispo de Gênova "tomou conhecimento, com pesar, da renúncia irrevogável do doutor Dino Boffo à direção do jornal Avvenire, TV2000 e RadioInblu".
"Pessoalmente e em nome de todo o Episcopado", o Cardeal Bagnasco, expressa sua "profunda gratidão pelo esforço de muitos anos com competência, rigor e paixão no cumprimento de um cargo precioso para a vida da Igreja e a sociedade italiana" e expressa "uma inalterada estima por sua pessoa, objeto de um inqualificável ataque dos meios".
"Apreciando a alta sensibilidade humana e eclesiástica que sempre o inspirou, manifestam-lhe sua proximidade e apoio na prova, sabedores que seu serviço à Igreja e à comunidade civil não virá a menos", conclui a nota.
Esta renúncia se dá logo depois de uma série de tensões originadas pelo ataque do jornal Il Giornale, propriedade do irmão do Primeiro ministro italiano Silvio Berlusconi, que dias atrás publicou uma extensa nota em que acusava ao Boffo por um caso de perseguição a uma mulher em 2004 com cujo marido teria tido uma relação homossexual e pelo qual teve que pagar uma multa.
Esta nota do Il Giornale foi vista por distintos meios como uma vingança de Berlusconi pelas distintas críticas recebidas do jornal Avvenire pelo escândalo sexual que protagoniza.
Dino Boffo, que dirigiu o jornal Avvenire durante 15 anos, negou as acusações e assinalou que "durante sete dias meu nome esteve ao centro de uma tormenta de enormes proporções". "Não posso aceitar que uma guerra de palavras esteja machucando a minha família e confundindo os italianos em algo que segue desenvolvendo-se nestes dias com meu nome em meio de tudo", assinalou em uma carta dirigida ao Cardeal Bagnasco.
Depois do ataque do Giornale, a Santa Sé cancelou um encontro que Berlusconi sustentaria com o Cardeal Tarcisio Bertone, Secretário de estado Vaticano. Além disso, o Cardeal junto a distintas autoridades da Igreja e vários políticos, solidarizaram-se com Boffo, acusando o Giornale de gerar confusão e "jogar sujo" por razões políticas.
Dino Boffo agradeceu o apoio mas indicou que sua renúncia é irrevogável. "A Igreja tem melhores coisas que fazer que defender tão decididamente a uma pessoa, inclusive quando é um alvo injusto", disse.