O Secretário de estado Vaticano, Cardeal Tarcisio Bertone, destacou que a nova encíclica social do Papa Bento XVI, Caritas in veritate, busca enfrentar a “causa das causas da crise” e propõe soluções para ir à “raiz destes males” para assim “mudar a percepção cultural que sustenta o sistema econômico”.

Conforme informa a agência italiana SIR, o Cardeal fez esta afirmação ao apresentar a encíclica ante o senado italiano, onde também explicou que este documento questiona o papel do “Estado interventista” mas não deixa de assinalar a importância do “Estado regulador” assim como também pede às autoridades públicas “consentir o nascimento de um mercado financeiro pluralista, um mercado no qual se possa operar em condições de paridade objetiva sujeitos diversos em quanto diz respeito ao fim específico de sua atividade”.

Seguidamente o Cardeal precisou que nisto radica a importância da Caritas in veritate, onde o Santo Padre sustenta que “fazer empresa é possível inclusive quando se perseguem fins de utilidade social e se promove a ação com motivações de tipo pró-social”.

Para o Secretário de estado a concepção do Papa sobre o mercado “se poderia definir como uma boa alternativa” que supera as concepções que vêem o “mercado como lugar de imposição do forte sobre o fraco; ou em relação àquela que está em linha com o pensamento anárquico-liberal, que o vê como o lugar aonde se pode solucionar todos os problemas da sociedade”.

A perspectiva que deve instaurar-se, disse o Cardeal Bertone ante os senadores italianos, é a de um “humanismo em mais dimensões, no qual o mercado não é combatido ou ‘controlado’, mas que é visto como momento importante da esfera pública –esfera que é mais vasta que a estatal- deve ser vivido como lugar aberto aos princípios de reciprocidade do dom, para assim construir uma sã convivência civil”.