O Arcebispo da Tegucigalpa, Cardeal Oscar Rodríguez Maradiaga, assinalou que não apoiou o golpe de estado a Manuel Zelaya, nem legitimou ao novo Presidente Roberto Micheletti, mas pediu ao deposto mandatário ser "prudente e patriótico" e não retornar pelo momento a Honduras.

"Não é verdade que o tenhamos legitimado (a Micheletti). Nós explicamos o acontecido. Aqui o que deve ser visto é o processo e como Zelaya estava violando a Constituição", declarou o Cardeal ao jornal argentino Clarim, de uma vez que afirmou que não é golpista e que a Igreja não apoiou a saída de Zelaya.

Na entrevista, também questionou o uso do dinheiro público por parte da anterior administração, assim como a convocatória a um referendo não-vinculante para reformar a Constituição, e que foi um dos detonantes da crise.

"Para que tanto dinheiro para uma pesquisa? Estão as câmeras do Banco Central. Vê-se como retiram 40 milhões de lempiras em efetivo. Quando os Governos trabalham com dinheiro em efetivo? Havia uma corrupção galopante nesse projeto. Não houve dinheiro para as vítimas do terremoto, mas sim para comprar votos", denunciou.

Do mesmo modo, disse que embora Zelaya lhe manifestasse que não era "chavista", seu Governo "sustentou-se com o dinheiro de (Hugo) Chávez e aí está".

O Cardeal Rodríguez Maradiaga disse que é uma "página triste" a atuação da Organização de Estados Americanos (OEA) nesta crise. "O seu secretário geral, José Miguel Insulza, é uma pessoa que conheço faz tempo e que sempre se comportou como um cavalheiro quando veio a Tegucigalpa. Entreguei-lhe toda a documentação e [os membros da OEA] nem se incomodaram em lê-la", indicou.

"Olhe como é a paradoxo: faz uns meses os presidentes Chávez, Evo Morais (Bolívia), Rafael Correa (Equador) e Raúl Castro (Cuba) disseram que a OEA não serve para nada. É a dupla moral da OEA", assinalou.

Por outro lado, informou-se que o diálogo entre os delegados de Zelaya e Micheletti se reataria em uma semana, logo depois de que a primeira ronda de conversações culminasse sem avanços.