O Arcebispo de Buenos Aires, Cardeal Jorge Mario Bergoglio, animou os membros da Conferência Episcopal Argentina (CEA) a servir ao povo como pastores sem cair na tentação de negociar  com “a 'prudência' do mundo, prudência nascida de compromissos com a riqueza, a vaidade e a soberba”.

Na homilia que pronunciou durante a Missa de abertura da Assembléia Plenária da CEA, o Cardeal Bergoglio pediu aos bispos aceitar e receber plenamente o Espírito Santo no coração, a fim de que "deixemo-nos introduzir por Ele no Mistério e nos deixemos enviar por Ele como testemunhas, de tal maneira que não configuremos uma Igreja gnóstica ou uma Igreja auto-referencial".

"Que por este caminho cheguemos até o final sem ficar em atalhos negociando com a 'prudência' do mundo”, indicou e recordou que “nosso povo fiel nos reclama pastores, testemunhas do Mistério, enviados a anunciar a Jesus Cristo".

O Cardeal Bergoglio destacou que a presença do Espírito Santo “em nosso coração dissipa as trevas da mentira e a nebulosa dessas pseudo-verdades, verdades à metade de caminho, expressões de cumprimento (cumpro e minto), expressões de compromisso com o mundo, que ‘não o pode receber (ao Espírito Santo), porque não o vê nem o conhece’; expressões geradas no espírito de mundanismo espiritual”.

“O maior perigo, a tentação mais pérfida, que sempre renasce –insidiosamente– quando todas as demais foram vencidas e cobra novo vigor com estas mesmas vitórias... Se esta mundanidade espiritual invadisse a Igreja e trabalhasse para corrompê-la atacando-a em seu mesmo princípio, seria imensamente mais desastrosa que qualquer outra mundanidade simplesmente moral. Pior ainda que aquela lepra infame que, em certos momentos da história, desfigurou tão cruelmente à Esposa bem-amada, quando a religião parecia instalar o escândalo no mesmo santuário”, advertiu.
O Cardeal Bergoglio explicou que “a mundanidade espiritual não é outra coisa que uma atitude antropocêntrica. Um humanismo sutil inimigo do Deus Vivente – e, em segredo, não menos inimigo do homem– que pode instalar-se em nós por mil subterfúgios”.

 “Quando um sacerdote negocia com esta atitude deixa de ser pastor do povo para converter-se em clérigo de estado, em funcionário”, explicou.
O Arcebispo reiterou que “o Espírito Santo nos situa mais à frente e nos resgata deste espírito do mundo, do espírito desse ‘mundo’ do qual é mais perigoso ser amigo que inimigo. Libera-nos desta armadilha que tende a mundanizar nosso ministério”.