A poucos dias da chegada da Papa Bento XVI à Terra Santa, Dom Manuel Musallam, quem até faz uns dias fora o único pároco da Franja da Gaza, descreveu a dramática situação da comunidade católica nesta região e agradeceu à organização Ajuda à Igreja Necessitada (AIN) por sua contribuição material e espiritual para estes cristãos.

Na entrevista o sacerdote, que se retirou no dia 30 de abril logo de 14 anos servindo aos quase 14 mil católicos de Gaza, indicou a AIN que "a destruição se converteu em algo cada vez mais profundo. As coisas estão ficando cada vez pior. Muitas famílias estão sofrendo. As pessoas não têm eletricidade e não há suficiente combustível para os geradores. Há desabastecimento de água potável e a salubridade é pobre. O cuidado médico e a educação tampouco são bons".

Dom Musallam disse também que "nossas preciosas árvores foram arrancadas. Nossos edifícios destruídos assim como nossas ruas. Nossa terra foi consumida pelas bombas e não podemos produzir nada. Agora somos somente consumidores. As máquinas e os automóveis são velhos. Tudo precisa ser renovado".

O sacerdote agradeceu logo o apoio da AIN com 20 mil euros em janeiro, usados para ajudar às famílias mais necessitadas de Gaza. "Admiramos muito a solidariedade mostrada para as pessoas desta terra. A amizade entre os cristãos de todo o mundo e os daqui é grande. Esperamos poder continuar isto por um longo tempo".

Por isso, disse logo, "o apoio e o amor mostrado às pessoas da Palestina os seguirá animando para serem testemunhas de Cristo. Esperamos que isto os incentive a não emigrar".

Finalmente e após expressar sua confiança em que seu sucessor, o sacerdote argentino Jorge Hernández fará um bom trabalho, Dom Musallam assegurou que "estou deixando este lugar para sempre. Não estou ansioso nem triste. Completei o meu trabalho e meu sucessor está em seu lugar".

Por sua parte o Pe. Humam Khzouz, Chanceler do Patriarcado Latino de Jerusalém, ao qual pertence Gaza, comentou que o "Pe. Musallam fez um grande trabalho durante estes anos que esteve em Gaza onde apoiou muito à comunidade cristã e a muitos outros".