O Administrador Apostólico de Toledo e Prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Santos Sacramentos, Cardeal Antonio Cañizares, alertou hoje que "se a Espanha perder suas profundas raízes cristãs deixará de ser a Espanha".
Depois de confirmar a designação do novo Arcebispo de Toledo e ler uma mensagem de despedida à Diocese de Toledo, o Cardeal se pronunciou deste modo a perguntas dos meios sobre a visão que de Roma se tem da Igreja na Espanha.
"Vê-se com muita preocupação, porque não se compreende como a Espanha, que tem umas profundas raízes cristãs se vê ameaçada por uma corrente de laicismo, que o que pretende é que a Espanha não se sustente sobre essas raízes", argumentou.
Por isso, o Cardeal, depois de incidir no papel que a Igreja na Espanha desempenha na Europa e na América Latina, insistiu em que "se a Espanha perder suas raízes cristãs deixará de ser a Espanha".
Em relação ao trabalho que está desenvolvendo faz quatro meses desde que foi nomeado Prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, o Cardeal confirmou desenvolver com esperança o trabalho que o Santo Padre lhe encomendou, que é constituir uma nova pastoral para renovar a liturgia, algo que Bento XVI quer impulsionar.
Também a perguntas dos meios, disse sentir um "grande gozo e uma grande alegria" pela nomeação de Dom Braulio Rodríguez como novo Arcebispo de Toledo, pois com a renovação na cúpula da Arquidiocese toledana "cumpriram-se a sucessão apostólica, e se vê a vontade de Deus".
Não obstante confessou "como humanos que somos" sentir tristeza por ter que deixar esta Diocese que alberga a Catedral do Primaz espanhol, embora adicionou que se trata de "uma separação não de uma ruptura", porque se sente muito unido a Toledo, a quem sempre levará em seu coração, como todos aqueles lugares pelos que passou em sua vida pastoral. "Todos cabem em meu coração embora seja pequeno", apostilou.
Do mesmo modo, o Cardeal Cañizares asseverou que a vivência que mais o marcou durante estes sete anos que esteve à frente da Diocese de Toledo foi a comunhão e a identidade cristã própria de Toledo, que conforma a identidade cristã espanhola, repetindo que "se a Espanha perder essa identidade deixará de ser a Espanha".
A artigo seguido, o ainda Administrador Apostólico de Toledo disse que seu sucessor à frente do Arcebispado, de quem destacou sua bondade, sua fé e "ser um bom pastor conforme ao coração de Deus", encontrará-se com uma Diocese com vitalidade e vida, e receberá a herança que o encontrou a sua chegada a Toledo, herança que ele tentou manter.
Além disso, expressou seu profundo agradecimento à Diocese de Toledo, ao Conselho de Governo, aos sacerdotes, às religiosas, assim como às autoridades com as que trabalhou durante estes sete anos.
O Cardeal, que compareceu acompanhado de seu Conselho de Governo, agradeceu também "sem nenhuma reticência" o trato recebido pelos meios de comunicação durante sua estadia em Toledo, embora sim criticou que se filtrou o nome da pessoa que o sucederá à frente da Diocese, pois a seu juízo "uma sociedade em que se filtram as coisas e não se podem guardar é uma sociedade que se desagrega".
"Isso não é informação é outra coisa", disse o Cardeal Cañizares, quem após particularizar que os homens por natureza "somos fofoqueiros", confessou ter conhecimento faz tempo que de que o Arcebispo de Valladoli seria a pessoa que o sucedesse em Toledo, embora tenha guardado segredo pontifício sobre este assunto, secreto que de ser vulnerado está punido com pecado mortal, explicou. Por isso pediu aos meios de comunicação que sejam "precavidos e que sirvam à verdade".
Por último, assinalou que até o mês de junho seguirá em Toledo como Administrador Apostólico, e isto não quer dizer que a Diocese se encontre em compasso de espera, senão que tudo segue seu curso, ele não adotará, como não o tem feito nestes quatro meses, nenhuma grande decisão, pois isto compete ao novo Arcebispo, embora se estará ainda na celebração do Corpus Christi.