O Observador Permanente da Santa Sé ante a ONU, Dom Celestino Migliore, assinalou hoje em sua intervenção desta manhã que o cuidado das pessoas, especialmente dos doentes de AIDS, "tem a capacidade de criar um processo de democratização da sociedade e gerar uma consciência pública orientada à justiça social e efetiva, assim como à solidariedade para todos os homens e mulheres".
Em seu discurso no marco da 53º sessão da Comissão sobre o Status das Mulheres, sobre o assunto 3(a)(i) que tem que ver com as responsabilidades de homens e mulheres incluindo o cuidado no contexto do HIV, AIDS, o Núncio assinalou que homens e mulheres têm a obrigação das compartilhar, pois neste campo são iguais, "assim como no cuidado do lar e no setor público".
"Em particular, é mais e mais claro que existem atitudes e lugares –incluso no cuidado médico– aonde as mulheres são discriminadas e sua contribuição à sociedade é menosprezada simplesmente porque são mulheres. O recurso à pressão social ou cultural para manter a desigualdade entre sexos é inaceitável", disse logo.
Depois de comentar no HIV/AIDS põe sobre o pano o assunto dos "valores com os que vivemos nossas vidas e como nos tratamos", o Arcebispo destacou que "o cuidado apoiado na comunidade e a ajuda mundial para quem sofre esta enfermidade são essenciais. O cuidado nas casas é um meio preferido de atenção em distintos espaços culturais e sociais, e é com freqüência mais sustentável e bem-sucedido que o longo prazo quando está apoiado nas comunidades".
De fato, continuou Dom Migliore, "quando muitos membros de uma comunidade estão envoltos no cuidado e a atenção, há menos probabilidades de que haja um estigma associado à enfermidade".
Infelizmente, continuou, "o cuidado da comunidade e o apoiado no lar não são reconhecidos, e muitos dos que atendem a estas pessoas enfrentam situações financeiras precárias. Muito pouco dos recursos gastos cada ano em dar assistência a quem está sofrendo assim como muito pouco vai à necessária investigação para combater a enfermidade, que os ajude a sustentar-se".
Os estudos mostram que quem cuida em comunidades e casas, em realidade "experimentam um maior estresse que o pessoal médico, assim deve dar-se o um maior apoio a estas pessoas, particularmente às mulheres e anciãs quando são as que tomam conta".
"Os governos devem reconhecer adequadamente que o orçamento e a organização das instituições públicas se aliviam de alguma forma pelos que os cuidam em casa, e devem então gerar e promover leis de imigração ao criar a integração social e o pleno amparo de quem atende aos doentes".
Depois de denunciar a saída maciça de pessoal sanitário qualificado dos países pobres para os países ricos, o Núncio precisa que "o cuidado em si mesmo tem que converter-se em um tópico de debate público de uma importância tal que seja capaz de formar a vida política e lhe dê assim aos homens e mulheres a aptidão de ser mais preocupados das necessidades de outros, de ter maior empatia para concentrar-se nos outros".