O doutor e professor de bioética na Universidade Católica de La Plata (Argentina), Juan Carlos Caprile, se referindo ao caso da italiana Eluana Englaro, afirmou em um artigo titulado “Morrer com dignidade”, que considerar a morte “como um acontecimento calculado e programado” faz que esta “perca seu autêntico significado”.
“Quando um paciente é incapaz de dar sentido à dor e à morte se considera a si mesmo como algo sem valor e indigno de merecer atravessar por tais circunstâncias. Devemos procurar o reconhecimento do valor transcendente que o ser humano possui por sua condição de pessoa, para que sejam respeitados todos os momentos de sua existência, inclusive a morte”, afirmou o especialista.
No artigo escrito a partir da experiência de Eluana Englaro, italiana de 38 anos a quem em estado de coma lhe foi retirada, a pedido de seu pai, a alimentação e hidratação até produzir-lhe a morte 4 dias depois, o perito explicou que ao chegar a última etapa de vida de uma pessoa doente se observam “distintas opiniões que tergiversam o autêntico valor da vida e da morte decidindo arbitrariamente o momento do falecimento, justificando o exercício de uma suposta piedade perante a dor do paciente ou pior ainda por razões utilitárias aos efeitos de evitar gastos desnecessários custosos às obras sociais”.
Neste sentido, afirmou que a relação entre médico paciente deve ser uma “relação de liberdade–responsabilidade” que não deve ser entendida “no sentido de que este (médico) substitua a vontade do doente, mas tampouco que tenha que ser obrigatoriamente o executor da vontade do paciente como sua morte”.
De igual maneira, o doutor Caprile assinalou que de acordo com os princípios da Bioética “não se devem empregar métodos desproporcionados às perspectivas de melhoria, evitando padecimentos desmesurados, mas sempre se deve administrar a hidratação e alimentação necessárias”.