O Cardeal Tarcisio Bertone, Secretário de estado Vaticano, alentou o "renascimento" no México da cultura católica a partir do anúncio do Evangelho, o trabalho das universidades católicas e o testemunho dos mártires deste país; sob a guia da Virgem de Guadalupe.
Em uma entrevista concedida a L'Osservatore Romano, Rádio Vaticano e o Centro Televisivo Vaticano, o Cardeal, quem esteve no México faz uns dias ao celebrar o VI Encontro Mundial das Famílias, destacou primeiro o importante papel das famílias como transmissoras de verdadeira cultura.
Embora existem muitas universidades e instituições católicas aonde se forja cultura, explica o Cardeal, é necessário ter em conta que no México há também "um forte tintura de laicismo, há forças que se contrapõem à Igreja, que contrastam com sua missão educativa, que é a missão formadora da Igreja, com a função de fazer cultura da Igreja".
Seguidamente o Cardeal ressalta que "a Igreja inventou, criou a universidade. Nasceram do ventre da Igreja, e no México há mais de duas mil universidades entre públicas e privadas; e muitas das universidades católicas, pertencem também a institutos religiosos".
"Esta é uma maneira de esclarecer e de fazer presente e ativa" à Igreja "de modo que possa incidir na cultura do povo e que possa demonstrar que também as universidades com matriz e inspiração católica –para confrontar o assunto da evangelização da cultura– podem fazer progredir a ciência e criar então novos âmbitos e formas de desenvolvimento cultural, concretamente para a nação mexicana. Por isso procurei alentar este desenvolvimento e alentá-lo".
Depois de lembrar a importância que dava João Paulo II à cultura, o Secretário de Estado precisou que "para a Igreja, a promoção cultural é uma realidade inata, está inscrita em seu DNA, em sua história: é uma exigência urgente, necessária. Pelo mesmo fato de que o Evangelho é por si mesmo criador de cultura e então o anúncio do Evangelho é criação de cultura".
Depois de comentar o caso de um mártir mexicano de 15 anos, José Sánchez del Rio, o Cardeal Bertone assegurou que "a Igreja no México é uma Igreja mártir, certamente, mas uma Igreja posta um pouco à margem da vida pública".
"Foi uma Igreja que praticou sempre uma grande religião de culto, muito significativa, importante, que é a fonte da fidelidade a Cristo e também do entusiasmo da fé, mas que do ponto de vista cultural estava um pouco ausente. Então, fazia falta e faz falta impulsionar a promoção cultural" no México.
Ao falar logo da mestiçagem de raças e culturas que "formam esta nova cultura que é a característica da identidade do povo mexicano e de tantos povos da América Latina", o Cardeal alenta a evitar a cisão entre as culturas e em vez disso promove retomar "a síntese ente elas, a transformação das culturas em um diálogo efetivo, fecundo, em um diálogo frutífero".
O Cardeal Bertone, recordando novamente a João Paulo II, assegura logo que na Virgem de Guadalupe está "um pouco o símbolo da inculturação da evangelização. O rosto mestiço da Virgem do início da história do Novo Mundo demonstrou que há uma unidade da pessoa mas dentro das variedades de culturas e no encontro entre elas".
Finalmente, o Secretário de estado explica que alenta "a este grande país católico –aqui o objetivo– a ser um país condutor, um país modelo para a América Latina e o Caribe, sobre tudo para as forças, os recursos extraordinários que leva em si: porque possui uma grande riqueza humana e grandes recursos materiais, morais e culturais".