O Presidente do Pontifício Conselho Justiça e Paz, Cardeal Renato  Martino, anunciou os prêmios da Fundação São Mateus a pessoas que se destacaram por sua solidariedade e justiça social. Uma delas é o sacerdote lazarista argentino Pedro Opeka, quem trabalha pelos mais pobres de Madagascar desde 1989.
A Fundação São Mateus foi criada em memória do Cardeal vietnamita François-Xavier Van Thuan, falecido em 2002 e atualmente em processo de beatificação. Esta instituição promove iniciativas que alentem a presença da Igreja Católica na sociedade através do estudo, a difusão da Doutrina Social da Igreja e seu humanismo integral e social.
A vida do Pe. Opeka
A agência AICA relata que o jornalista e escritor argentino Jesus Silveyra, em seu livro “Uma viagem à esperança”, escrito depois de uma estadia em Madagascar, diz o seguinte do Padre Opeka:
“O missionário da Congregação de São Vicente de Paulo, Pedro Pablo Opeka, em 1970, com apenas 22 anos de idade, chegou pela primeira vez à ilha. Filho de eslovenos que emigraram à Argentina depois da II Guerra Mundial, iniciou uma história de vida consagrada aos pobres e despossuidos que se estenderia por mais de 30 anos em Madagascar".
Foi ordenado sacerdote em 1975 e retornou à ilha africana para se encarregar da paróquia da Missão de Vagaindrano na selva oriental do sul da ilha. Durante 15 anos se dedicou à formação de centenas de jovens. Acostumado a viver entre a gente humilde e necessitada, e devido ao caráter inóspito do lugar, contraiu diversas enfermidades estomacais inclusive o paludismo.
Em 1989 teve que dirigir-se a Antananarivo, a capital de Madagascar, para se encarregar do seminário dos lazaristas. Diante da miséria que viu, o Padre se disse: “tenho que fazer algo, esta gente não pode viver assim, Deus não o quer, são os homens os que o permitem, sobre tudo os políticos que não cumprem o que prometem”.
“Uma manhã, em meados de 1989, Pedro subiu a sua moto e partiu para as colinas de Ambohimahitsy, onde a gente vivia em casas de papelão próximos ao lixão municipal, em um estado que descreveria como de um verdadeiro 'inferno'. Violência, prostituição, consumo de drogas e alcoolismo, eram moeda corrente para aquela gente que passava sua vida entre os vícios, a mendicidade e catando o que podia nos depósitos de lixo. Um homem o fez passar a seu barracão de papelão de 1,20 m. de altura".
"Lá dentro, frente a um pequeno grupo, o padre Pedro lhes disse: 'Se estiverem dispostos a trabalhar, eu vou ajudá-los". Palavras que marcaram do começo a filosofia de sua obra, centrada no trabalho e a educação. E a gente aceitou a proposta, dando começo a 'uma história de amor ou aventura divina', como a define o padre Opeka".
Com a colaboração de jovens universitários, muitos dos quais ele mesmo tinha formado em sua paróquia do sul da ilha, nasceu a Associação Humanitária Akamasoa; que significa em malgache “Os bons amigos”, com o objetivo de servir aos marginados e excluídos.
Silveyra explica que logo depois de 16 anos de intenso esforço, 17 mil pessoas vivem nos cinco povos da Associação; 8 mil e 500 crianças assistem às escolas; 3 mil e 500 pessoas trabalham em distintas atividades da Akamasoa, da exploração de pedreiras, fabricação de móveis e artesanatos, até a prestação de serviços comunitários: educação, saúde e manutenção.
"Cada povo conta com seu dispensário e acabam de inaugurar um hospital. Mais de 200.000 pessoas (1,5 por cento da população do país) passou por seu Centro de Acolhida, onde recebem ajuda temporária e são encaminhados a reorientar suas vidas", relata.