O jornal YA encontrou em seus arquivos uma carta que recebeu e publicou originalmente em 1983 quando a Espanha debatia sua atual lei do aborto. A missiva foi escrita pela menina Alexia González Barros, cuja causa de beatificação se encontra em andamento.

Conforme recorda o jornal, "Alexia adquiriu atualidade pelo filme ‘Caminho’ de Javier Fesser", uma cinta que tergiversa sua história real.

A menina "escreveu uma carta ao antigo YA em papel pedindo às mães que estivessem pensando em abortar que não o fizessem. O texto é emotivo e revela a tremenda bondade e a indubitável santidade da pequena", sustenta o jornal.

A carta foi publicada em 28 de março de 1983, dois anos antes de sua morte, e diz o seguinte:

"Tenho doze anos e sou sétima de meus irmãos. Dou graças a Deus de ter nascido em uma família onde todos ficaram muito contentes quando eu nasci. Se minha mãe tivesse sido uma dessas que querem matar a seus meninos antes de nascer, eu não teria nascido. Eu gostaria de lhes dizer que não os matem, por favor, porque seguro que alguém adotaria a esses meninos. Em nossa casa seguro que receberíamos encantados a um desses meninos que não são queridos". Alexia González Barros. Madrid.

Alexia, filha menor de uma família pertencente ao Opus Dei, morreu com fama de santidade logo depois de vários meses de luta contra o câncer. Fesser usou sua história, sem o consentimento da família –a que nunca contatou para procurar informação–, em seu novo filme titulado "Caminho", estreada nestes dias na Espanha.

A história de Alexia

Alexia González-Barros e González nasceu em Madri em 7 de março de 1971. Era a filha mais nova  de sete irmãos. Seus pais, Francisco e Moncha, educaram-na desde pequena em um clima de liberdade, carinho e alegria.

Foi uma menina normal e divertida. Fez sua Primeira Comunhão em 8 de maio de 1979 em Roma, junto ao lugar onde repousam os restos de São Josemaria Escrivá do Balaguer, a quem tinha muito carinho e devoção.

No dia seguinte de sua Primeira Comunhão, em 9 de maio de 1979, aproximou-se de João Paulo II durante uma audiência pública no Vaticano. O Papa a benzeu e lhe deu um beijo na testa.

Levou uma vida normal, estudava, fazia planos com suas amigas, passava o verão com sua família e seus avós. Teve a oportunidade de peregrinar com seus pais e seus irmãos a Terra Santa. Esteve em Belém, onde cumpriu um de seus grandes sonhos: beijar o lugar onde nasceu Jesus.

Em fevereiro de 1985, lhe acharam um tumor maligno que a deixou paralítica em muito pouco tempo. Tinha apenas 13 anos de idade. Foi submetida a dolorosos tratamentos e quatro intervenções cirúrgicas em só dez meses.

Tudo o encarou com paz e alegria. Aceitou sua enfermidade do início e ofereceu seu sofrimento pela Igreja, o Papa e outros. Faleceu em Pamplona, rodeada por sua família, em 5 de dezembro de 1985.

A causa de beatificação daeAlexia foi introduzida em Madri em 14 de abril de 1993 e encerrada solenemente em 1 de junho de 1994. A fase de Roma começou em 30 de junho desse mesmo ano. O Decreto de validez foi outorgado pela Congregação para as Causas dos Santos em 11 de novembro de 1994.