BUENOS AIRES, 4 de ago de 2008 às 10:07

41 pessoas que são filhos ‘número 10’ de suas respectivas famílias numerosas se reuniram em julho em Buenos Aires, Argentina, para render comemoração a Santa Gianna Beretta Molla, estabelecendo “um recorde de Guinness” católico.
O evento, motivado pelo semanário católico argentino “Cristo Hoje” –um dos de maior circulação na América Latina– atraiu a atenção da imprensa pela poderosa mensagem de amor à família e à vida transmitido pelos participantes da incomum reunião.
“Cristo Hoje” conversou com Mariano e Luz das Carreras, responsáveis pela reunião de 41 décimos filhos; quem relatou que a idéia surgiu “por acaso”, quando Mariano carregou a uma menina, Cecilia, número 10, e “pensou que alguma vez poderia juntar os ‘número 10’ em uma foto porque seria algo curioso e porque, além disso, suas experiências seriam muito parecidas”.
Assim, os esposos começaram a convocar através de conhecidos com uma frase de João Paulo II como lema; “Deus Pai Celestial parece dizer a toda a Criação: ‘É bom que você exista’”.
A reunião foi concebida então “como uma grande ação de graças a Deus Pai, em primeiro lugar, e a nossos próprios pais, em segundo termo, porque se não se animaram a ter uma família grande, todos esses décimos não tivessem estado ali presentes!”, relatam os esposos das Corridas a “Cristo Hoje”.
Mariano e Luz relataram ao semanário que pelo fato de ser filho de uma família numerosa “se aprende, quase necessariamente, a compartilhar, a esperar, a tolerar a frustração e adiar a gratificação, atitudes tão necessárias hoje em dia e tão mencionadas pelos psicólogos!; a valorar cada vida humana como um precioso presente de Deus Pai; a aprender que com pouco um se pode conformar, porque o importante e necessário não é o que o mundo te oferece como imprescindível, senão a presença de que temos ao lado”.
Os esposos assinalaram, entretanto, que “hoje é cada vez maior o medo a não poder dar o imprescindível do material. O mundo rechaça às famílias numerosas e às vezes são muito atacadas, como se fossem uma ‘grande loucura’. Mas os que se decidem a armar uma família grande necessariamente têm colocado seu olhar no Alto, acreditando que é mais valiosa a existência de um novo membro e o fato de poder lhe dar um irmão aos outros filhos, que o material que não pudessem chegar a ter”.
“No mundo há muito medo ao filho, por motivos diversos, mas tingidos possivelmente de certo egoísmo, pois na cultura pos-moderna em que vivemos o prazer é priorizado sobre o valor da vida e, obviamente, ter um filho implica responsabilidades que necessariamente devem adiar nossos próprios interesses momentâneos”, adicionaram.
Entretanto, Mariano e Luz destacaram que “não há gratificação trabalhar nem pessoal que compense a alegria de ser colaborador da obra criadora de Deus”.
Ambos reconheceram que é difícil “encontrar o tempo para atender a cada um pessoalmente, sem massificar, diferenciar a cada um sem generalizar. Não há receitas e supomos que cada família segue seu próprio estilo, mas se deve priorizar o tempo da família e para estar em família”.
“O segredo –assinalaram– radica em viver cada dia como se for o único. Obviamente, cada etapa da vida tem suas características, e às vezes não se pode dizer em alguns momentos ‘sou feliz’, mas depois a gente avalia que são maores os benefícios em todo sentido que as carências que se podem ter sofrido”.
“Como fazem para educar bem na fé a tantos filhos?”, pergunta “Cristo Hoje”. E os esposos da Carreiras respondem: “Reconhecendo que como pais e pessoas individuais ainda há muito por melhorar e aprender. Diz-se que alguém educa com o exemplo, mas às vezes somos tão mau exemplo! De todos os modos devemos fazer insistência na oração em família e na participação da Eucaristia. A Madre Teresa dizia que uma família que reza unida permanece unida… Devemos tirar tempo a outras coisas, mas não deve faltar a oração em família”.