O Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, Cardeal José Saraiva Martins, descartou as versões jornalísticas que auguravam a iminente beatificação do Papa João Paulo II e explicou que tanto este como os processos de canonização devem seguir seu curso regular.

"Bento XVI concedeu já a dispensa para que o processo de canonização de João Paulo II pudesse iniciar-se com antecipação em relação à norma canônica que exige esperar cinco anos da morte", explicou ao apresentar o novo documento "Sanctorum Mater" sobre os processos de beatificação e canonização.

O Cardeal indicou que a concessão do Papa não significa que tenha autorizado outras derrogações ao procedimento pelo qual o caminho aos altares de João Paulo II deve manter seu curso regular.

Precisou que existe "grande expectativa" entre católicos e não católicos em torno da figura do falecido Pontífice mas é a intenção de Bento XVI que este caso "percorra o itinerário normal de qualquer servo de Deus".

Neste sentido, descartou que se esteja preparando uma cerimônia de "beatificação surpresa" para 2 de abril próximo, quando se completam três anos da morte de João Paulo II e o Papa presida uma Missa em sua memória.

 

Caso Romero

Consultado pela imprensa, o Cardeal se referiu também ao caso do bispo salvadorenho Oscar Arnulfo Romero, assassinado em março de 1980 enquanto celebrava Missa presumivelmente por sicários do governo.

Ao respeito explicou que o caso mantém seu curso e é necessário ter uma "certeza absoluta" que o martírio aconteceu por verdadeiro "odium fidei" (ódio à fé) e não porque a pessoa fosse considerada um inimigo político do regime.

"Quando não aparece claro o motivo do assassinato, fora de toda dúvida, então deve investigar-se para esclarecer pontos até o final", explicou o Cardeal Saraiva.