Ao receber nesta quinta-feira  um grupo de bispos colombianos em visita “Ad limina”, a Papa João Paulo II animou os pastores a seguir testemunhando a paz e a reconciliação em meio aos conflitos.

O Pontífice destacou que os bispos colombianos contavam “com fatores decisivos para realizar a obra da evangelização, como são o crescente número de vocações ao sacerdócio e à vida consagrada, a ampla presença de Institutos religiosos, assim como a existência de tantos centros de estudo e formação. Tudo isso manifesta a profundidade que alcançou a fé cristã no país e o dinamismo do compromisso apostólico”.

O Papa se referiu em seguida ao “aumento da deterioração moral”, como constataram os prelados colombianos, o Santo Padre disse que este “se apresenta de diversas formas e afeta aos mais variados âmbitos da vida pessoal, familiar e social, escavando a importância intrínseca de uma conduta moralmente reta e pondo sob sério perigo a autenticidade da fé”.

“É um fenômeno devido, em parte –seguiu o Santo Padre-, a ideologias que negam ao ser humano a capacidade de conhecer com nitidez o bem e de pô-lo em prática. É, pois, uma provocação de grande importância que implica distintas linhas de ação pastoral tendo como modelo Jesus”.

Proclamar a justiça, a verdade, a fidelidade ou o amor ao próximo, em todas suas implicações concretas –assegurou o Papa- é inerente ao anúncio evangélico em sua integridade”.

João Paulo II assinalou então aos bispos colombianos que “assumir as próprias obrigações é um requisito indispensável para afirmar a verdadeira dignidade da pessoa, o que gera além disso uma paz interior”, uma paz “que se estende também ao entorno social e, em especial, às instituições, quando estas, apoiadas em um autêntico espírito de serviço ao bem comum, estão regidas por critérios de igualdade, justiça, honradez e verdade”.

O Papa destacou  “a necessidade de uma iniciação cristã organizada, adaptada à condições culturais de nosso tempo e de cada lugar”, sobre tudo “onde o ambiente social é desfavorável ao crescimento na fé ou falham as bases para sua transmissão e desenvolvimento, como são a família, a escola ou a própria comunidade cristã”.

O Santo Padre animou à esperança frente à “difícil situação pela qual atravessa a Colômbia”, pelos contínuos "atentados à vida, à liberdade e à dignidade das pessoas", assim como pelo aumento dos seqüestros, que "mostra, uma vez mais, a perversão a que pode chegar a baixeza humana quando, em altares de sinistros interesses, perde-se toda perspectiva moral e não se reconhecem nem respeitam os direitos mais fundamentais do homem”.

“Na Colômbia, muitos destes males encontram sua origem no narcotráfico, com ramificações em muitos setores, e que aflige há anos à Nação com incalculáveis conseqüências negativas em todos os âmbitos da vida social”, adicionou.

“Diante de tais feitos, compartilho sua dor e avaliação tantos esforços realizados por afastar a violência, eliminar suas causas e atenuar seus efeitos, prestando adequada atenção às vítimas e animando incansavelmente a quem deseja abandonar a linguagem das armas para empreender o caminho do diálogo pacífico”, concluiu o Papa.