Depois da apresentação da reforma da lei de educação que esta segunda-feira fez a Ministra de Educação e Ciência da Espanha, Maria Jesus San Segundo, diversos Prelados da Igreja manifestaram suas críticas à iniciativa, chegando algum deles a acusar ao Governo de ter fobia à educação religiosa.

O Bispo da Asidonia-Xerez (Cádiz), Dom. Juan del Rio, acusou o Executivo socialista de "ter fobia à educação religiosa" e se perguntou "por que tanta aversão para os colégios católicos, para o ensino da religião na escola pública".

"Uma vez mais, vemos como a fobia religiosa serve de desculpa para tratar de desterrar os valores da cultura católica dos corações e das mentes das novas gerações", assegurou o Bispo na seção “Aponte para a vida” da página Web da diocese andaluza.

Neste sentido, Dom. del Rio recordou que "temos um povo católico de mais de 30 milhões de espanhóis", mas o Estado "legisla e administra de costas a essa realidade", o que, segundo o Prelado, é "o início de uma suplantação cultural do humanismo cristão, que há vertebrado a Europa".

Em troca, assegurou o Bispo, "será implantado um humanismo cívico e materialista que, sob uma roupagem democrática, oculta seu totalitarismo de origem e que, com sua maquinária mediática e com a força que dá o poder constituído, tenta abandonar a presença social da Igreja Católica em nosso país".

De outro lado, o Bispo do Santander, Dom. José Vilaplana, manifestou sua “preocupação” ante a “inquietação que estão provocando” as recentes informações sobre a decisão do Governo central de atacar a laicidade do Estado.

Sobre o possível desaparecimento da disciplina de Religião, Dom. Vilaplana afirmou que ”é uma situação preocupem-se porque se feito muito esforço e agora de momento parece que vai haver muitas coisas que vão ficar em questão”. Neste sentido, transmitiu aos pais tranqüilidade “porque neste curso não vai haver uma mudança substancial”.

Por último, o Arcebispo de Sevilha, Cardeal Carlos Amigo Vallejo, considerou que "muitos professores e pais de família tiveram nesta manhã uma nova dor de cabeça" ao conhecer a notícia de uma nova lei de Educação.

Em declarações à imprensa, o Cardeal advogou por "um pacto em consenso sobre a Educação, já que não pode estar permanentemente nesta situação de insegurança e que os professores, pais e alunos se perguntem o que vão fazer a cada início de curso escolar".

Esta reforma "não tem substancialmente muitas diferenças da que conhecíamos e parece que a única coisa importante seja a disciplina de Religião, quando o que deve preocupar é a formação integral dos alunos e o respeito aos direitos dos pais", indicou.

"Também se insiste em que a Lei de Qualidade é de todos e entre todos. Por isso, esperamos que também se inclua os pais católicos que também têm este direito a escolher o tipo de Educação que querem para seus filhos".

Do mesmo modo, o Cardeal indicou que a Constituição "tem dois ou três artigos que terei que pô-los em letras de ouro em todos os lares da Espanha para que as crianças  aprendessem de cor". Assim, ressaltou os que fazem menção a que "em um Estado não confissional se garante a liberdade religiosa e o direito legítimo a escolher a educação".

"E agora que se esquece algo tão importante como a Constituição é quando podem vir os conflitos" advertiu o Cardeal, para quem a Religião na escola "não é um direito menor mas sim um direito dos pais, que devem ter além disso os instrumentos legais e materiais para exercitá-lo".