O Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé confirmou neste sábado a suspensão em suas funções de um sacerdote funcionário do Vaticano, que apareceu confessando que sustenta práticas homossexuais em um programa de televisão italiano.

O Pe. Tommaso Stenico, funcionário da Congregação para o Clero, apareceu em um documentário realizado com uma câmara oculta emitido no dia 1º de outubro no programa "Exit", da estação televisiva privada italiana "la 7".

Os produtores ficaram em contato com um jovem homossexual que realiza "entrevistas às cegas" via Internet e o convenceram para levar um microfone e uma câmara oculta, e para que se reunisse com três homossexuais que diziam ser sacerdotes.

Os três supostos sacerdotes apareceram no programa com o rosto e a voz distorcidos, mas um deles se reuniu com o jovem recrutado por "Exit" na Praça São Pedro e o levou a um escritório no Vaticano.

Em pouco tempo, face à distorção de rostos e vozes, o escritório que pôde ser visto no programa foi identificado como o do Pe. Tommaso Stenico, funcionário da Congregação para o Clero.

No sábado, o Pe. Federico Lombardi confirmou a notícia da suspensão em seus trabalhos e do início de uma investigação, e explicou que "os superiores estão tratando a situação com a devida discrição, embora esta pessoa tenha se equivocado".

O Pe. Lombardi acrescentou que "as autoridades vaticanas têm que intervir com decisão e severidade ante um comportamento não compatível com o serviço sacerdotal e a missão da Santa Sé".

Depois da suspensão trabalhista, um tribunal estudará o caso e provavelmente decidirá sua demissão da Cúria Vaticana, e posteriormente sua suspensão do estado clerical.

Por sua vez, a Liga Católica anti difamação da Itália disse em um comunicado que alguns de seus membros tinham apontado o programa como um possível ataque à Igreja; mas disse destacou que o programa não teve "uma aproximação tendenciosa", especialmente porque o painel de quatro pessoas que seguiu a sua emissão incluiu o Professor Tonino Cantelmi, Diácono permanente da Diocese de Roma e Presidente da Associação italiana de Psicólogos e Psiquiatras católicos, e Luigi Amicone, diretor do semanário católico "Tempi", vinculado ao movimento Comunhão e Liberação.

"Embora seja de lamentar a complacência no modo de enfrentar o tema, a condução do programa não foi particularmente tendenciosa, salvo algumas imprecisões sobre o celibato sacerdotal e o tema da pedofilia".

A Liga assinalou no mesmo comunicado que agora "confia na decisão da Autoridade eclesiástica de iniciar um processo canônico no caso dos sacerdotes (que apareceram no programa) e especialmente do membro da congregação vaticano".