No próximo 28 de outubro a Praça de São Pedro será o cenário da cerimônia de beatificação mais numerosa da história, quando 498 mártires da Guerra Civil Espanhola sejam elevados aos altares. O evento sem precedentes teria como grandes ausentes os membros do Governo Espanhol que até agora não confirmaram sua presença.

Conforme informa o jornal 'La Razón', "enquanto a Igreja termina os detalhes do que será uma grande ‘festa da fé’, no momento, nenhum membro do Governo confirmou sua presença no ato".

Embora o secretário e porta-voz da Conferência Episcopal Espanhola (CEE), Juan Antonio Martínez Camino, desculpou o atraso e assinalou que todas as autoridades "serão bem-vindas", para a imprensa, a próxima cerimônia "pode ser a primeira em que não terá uma representação em primeiro grau do Governo espanhol".

O Ministro da Justiça, Mariano Fernández Bermejo, afirmou ante os jornalistas que não pode "dizer ainda se estarei presente ou não porque neste momento não está confirmado, mas seguro que haverá uma representação do Governo".

Para 'La Razón' "a ambígua declaração dá a entender que a presença governamental se reduzirá a um cargo de segundo nível".

Segundo o jornal, "a coincidência do ato com o 25º aniversário da primeira vitória eleitoral do PSOE e o fato de que alguns interpretem que a beatificação é a resposta da Igreja à Lei de Memoria Histórica, que de novo impulsionam os socialistas, parecem ser as razões que motivariam esta ausência governamental".

O Pe. Martínez Camino, entretanto, reiterou à imprensa que a cerimônia "não vai contra ninguém nem contra nada", também indicou que "a Igreja trabalha com seu próprio calendário, que não está marcado por nenhum outro, e menos pelos calendários políticos".

O secretário da CEE explicou que além destas "más interpretações", uma cerimônia de beatificação é um acontecimento "de festa, cheio de alegria e de gozo" pois "ao declarar filhos heróicos suas a determinadas pessoas, a Igreja quão único procura é a glória de Deus, que se identifica com o bem dos homens".

"Não procura culpados, não procura discutir questões históricas ou políticas, só procura divulgar que há testemunhas do Evangelho que amaram a Cristo por cima de sua própria vida", indicou e adicionou que os próprios mártires morreram "perdoando seus verdugos. E essa é a realidade que temos que ver".

Nesta cerimônia de beatificação se agruparam 23 causas diferentes. Cada uma delas levou seu processo particular e se unificaram para evitar a proliferação de cerimônias.

A cerimônia de beatificação afeta a quase todas as diocese da Espanha, por ser o lugar de nascimento ou de morte dos mártires. Prova disso é que até o momento 74 bispos já confirmaram sua presença. "Não se recorda que nunca tenha tido tantos bispos espanhóis juntos no Vaticano", afirmou o Pe. Martínez Camino.